Ao mesmo tempo que assinalamos o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, a 27 de Janeiro, lembramos os milhões que pereceram, mas também aqueles poucos indivíduos corajosos que arriscaram a sua vida para salvar centenas de judeus, entre eles 36 diplomatas que não conseguiram fechar os olhos aquelas horrendas injustiças.
Portugal: Aristides De Sousa Mendes
“Prefiro estar com Deus contra o homem do que com o homem contra Deus.” - Aristides de Sousa Mendes
Com a ocupação da Europa Ocidental pela Alemanha nazi na primavera e no verão de 1940, milhares de refugiados tentaram fugir para a Península Ibérica na tentativa de encontrar um refúgio. O ditador português, António de Oliveira Salazar, permitiu aos titulares de vistos para o estrangeiro que transitassem por Portugal, mas fechou as fronteiras para aqueles que não tinham vistos. Cerca de 15.000 a 20.000 refugiados judeus puderam entrar em Portugal, e organizações judaicas que trabalhavam em Lisboa, como a Joint, a HIAS-HICEM e a Jewish Agency, facilitaram a saída dos refugiados. Em 1943-1944, Portugal salvou as vidas de várias centenas de judeus portugueses da Grécia e de França, mas não conseguiu ajudar os 4.303 judeus holandeses de origem portuguesa, que consequentemente foram deportados para os campos de extermínio.
Após a invasão alemã a França, em Maio de 1940, Aristides de Sousa Mendes, cônsul geral de Portugal em Bordéus, França, viu-se confrontado com milhares de refugiados reunidos em torno do seu consulado, a pedir por ajuda. Assistindo a esta terrível situação, Sousa Mendes decidiu desobedecer às instruções explícitas do seu governo e emitiu vistos de trânsito a todos os que deles necessitassem, renunciando às taxas de visto para aqueles que não as podiam pagar. Estabelecendo um “processo de linha de montagem”, Sousa Mendes conseguiu emitir vistos para vários milhares de refugiados. Quando Lisboa soube das acções de Sousa Mendes, foi imediatamente ordenado a voltar para casa. Foi julgado por um painel disciplinar e demitido do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ficando sem meios de subsistência e incapaz de sustentar a sua grande família. Sousa Mendes faleceu, completamente falido, em 1954. Só em 1988 o governo de Portugal lhe concedeu a reabilitação total.
Aristides de Sousa Mendes foi reconhecido como Justo entre as Nações pelo Yad Vashem em 1966.
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