terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Um Santo e Feliz Natal!


Desejo a todos - familiares, amigos, colegas, alunos e respetivas famílias - um Santo e Feliz Natal! 

Que a nossa noite de Natal seja iluminada pelo amor, pela paz e pela esperança do nascimento do Deus Menino!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

12 maneiras de incentivar a autoestima infantil

A infância tem as suas próprias maneiras de ver, pensar e sentir, não há nada mais insensato do que pretender substituí-las pelas nossas.”
Jean-Jacques Rousseau 
Como incentivar a autoestima infantil
Nós somos tão obcecados com a obtenção do bem-estar na idade adulta que nos esquecemos da importância de cultivar a autoestima em nossas crianças.
É fundamental que os nossos filhos se tornem adultos equilibrados, uma vez que isto será o melhor que lhes poderemos transmitir. No entanto, se pararmos para pensar sobre o assunto, não será difícil perceber que os nossos defeitos são muito visíveis para eles.
Assim, as crianças percebem os nossos medos e as nossas inseguranças, e os adotam facilmente. Neste contexto, o facto é que devemos nos esforçar ao máximo para que isso aconteça em menor medida. Mas como fazer isto?
Primeiro, considerando que nós somos o melhor exemplo a seguir, por isso recomendamos o autocuidado. Em segundo lugar, com a nossa forma de agir e de os tratar, assim como através dos valores que lhes transmitimos.
Nós não queremos que as crianças sejam perfeitas, mas elas devem cultivar o orgulho; queremos que as crianças confiem em si mesmas e em seu próprio potencial. Aqui nós compartilhamos 12 maneiras de incentivar a autoestima infantil que não irão falhar.

1 – É importante dedicar um tempo exclusivamente a eles
Devemos considerar o que as crianças nos pedem e nos dizem. Além disso, se estamos caminhando com eles, não devemos ir olhando para os nossos celulares, pois a criança irá perceber os momentos em que nós deixamos de dar atenção a ela.

2 – Corrigir os erros, mas a partir do afeto
Sem gritos e pacientemente. A criança é uma esponja que vai absorver o bom e o ruim. Faça-a entender que vocês aprendem juntos, que o aprendizado é mútuo.

3- Promova a autonomia dando responsabilidades
Deixe-os tomar pequenas decisões sobre seus relacionamentos ou hábitos diários. Por exemplo, você pode cozinhar e preparar o almoço, mas eles podem ajudar a secar e a recolher os pratos, arrumar a mesa, escolher a roupa que elas desejam colocar…

4- Não faça comparações
Com os irmãos ou com os amigos. Não compare uma criança com ninguém, nem os adultos. Ninguém é melhor ou pior do que ninguém; todos nós somos diferentes.

5- Não crie rótulos como “desajeitado”, “bobo”,”burro”
Isto não ajuda a desenvolver uma autoestima saudável. Quando uma criança faz algo errado, há muitas maneiras de dizer isso a ela: que não é certo bater em seus irmãos, que não se deve quebrar brinquedos ou eles param de funcionar…

6- Também não o faça com “esperto” “ótimo” ou “inteligente”
A criança não entende o que se passa quando você se refere a algo dessa forma. Neste caso,  deve expressar o quão bem ela fez a lição de casa, que ótimo que ela recolheu os brinquedos, que maravilha é vê-la desenhar e pintar. Ou seja, deve elogiar o comportamento, não a criança, e assim reforçar a autoestima infantil.

7- Estabeleça limites claros e coerentes com a idade e capacidade
Isto é, se você não guardar seus brinquedos, não irá ao parque; a criança vai querer negociar isso, mas não vale a pena tomar meias medidas. Se você colocar uma condição razoável, deve aplicá-la; caso contrário ela não será levada a sério. Seja firme.

8- Valorize o esforço, não os resultados
Não foque em excelência ou aprovação. É importante que a criança tenha sido constante e tenha se esforçado, reforce isto.

9- Não exagere nos elogios e seja objetivo
Isto é, diga-lhes o que elas fizeram de bom e fale sobre o que você gostou; deixe a criança saber o que lhe agrada. “Você guardou direitinho seus carrinhos e bichos de pelúcia” é substancialmente diferente de “Você arrumou bem”. É importante que comente com os outros, na frente da criança, as conquistas e esforços delas. Isto vai fazer com que elas se sintam úteis e importantes.

10- Valide as suas emoções 
Se a criança chora, é provável que ela tenha se machucado. Dê a isto a devida importância. Evite dizer: “Não foi nada! Já já passa!” Se alguma coisa faz ela se sentir mal, é importante que nós possamos dar a relevância adequada.

11- Não as superproteja, isso irá gerar insegurança e dependência
Não os guarde e vigie-os o tempo todo, porque assim você irá criar seus filhos dentro de uma bolha. As crianças não são feitas de cristal e precisam de uma dinâmica que irá gerar oportunidades para se desenvolverem de uma forma constante.

12- Reserve um momento para cada um dos seus filhos
Tente reservar um momento individual para cada um, pois o fato de ser importante e protagonista durante alguns minutos, ou algumas horas, é muito importante para os pequenos. Isso é a chave para mostrar a eles o quanto você se importa, e estes momentos podem gerar trocas inovadoras entre vocês ao longo do tempo, reforçando assim a a autoestima infantil.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Hoje, o Papa Francisco faz 79 anos.



Envia-lhe uma mensagem de parabéns para a sua residência oficial, a Casa de Santa Marta, no Vaticano: dsm@org.va.


(um texto breve, ou um desenho, ou uma foto... de modo a não encher a caixa de correio eletrónico)
in Audacia

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

"Daysy Chain": vídeo anti-bullying


“Daisy Chain” nasceu como uma história de embalar e em três anos tornou-se um dos livros interativos de maior sucesso na Austrália. E também um curta metragem com a narração da atriz Kate Winslet.
O australiano Galvin Scott Davis começou a notar algo diferente no seu filho, Benjamin. Sempre que chegava da escola, o menino ficava mais calado e não tinha a mesma motivação que antes. “Ele estava mais reservado e descobri que tinha sofrido bullying na escola. Não foi um caso muito grave, mas foi suficiente para que perdesse a confiança”,contou ao jornal The Guardian.
Para reconfortar o filho, Davis decidiu contar-lhe uma história de embalar de alguns dos livros infantis da vasta coleção que tem em casa, mas não encontrou nenhuma história apropriada para aquele momento. Então, decidiu inventar uma. Assim nasceu a ideia para “Daisy Chain”, um conto sobre uma menina chamada Bree Buttercup, que é perseguida por outras crianças quando tiram uma fotografia dela e a colocam em todas as árvores do parque. É o próprio Benjamin quem ajuda Bree a combatê-los usando uma corrente de margaridas, a sua flor favorita.
Num período de 3 anos, a história deixou o quarto de Benjamin para tornar-se um dos livros interativos com o maior número de downloadsna Austrália. Depois, foi feita um curta metragem com a narração da atriz Kate Winslet, que está a ser utilizado por grupos anti-bullying na Austrália, Estados Unidos e Reino Unido para a consciencialização das crianças nas escolas.
Ler mais: aqui

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Ecumenismo: Papa evoca 50.º aniversário gesto «histórico» de reconciliação entre católicos e ortodoxos

A 7 de dezembro de 1965, o Papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras revogavam excomunhões em vigor desde o Cisma de 1054

O Papa recordou hoje, dia 6 de dezembro, no Vaticano o 50.º aniversário da declaração comum com que católicos e ortodoxos revogaram as excomunhões recíprocas em vigor desde o Cisma de 1054, quando as duas Igrejas se separaram.
“A 7 dezembro de 1965, véspera da conclusão do Concílio Vaticano II, com uma declaração comum do Papa Paulo VI e do patriarca ecuménico Atenágoras, eram eliminadas da memória as sentenças de excomunhão trocadas entre a Igreja de Roma e a de Constantinopla em 1054”, disse Francisco, após a recitação da oração do ângelus, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.
O Papa falou num acontecimento “memorável”, um “gesto histórico de reconciliação” que proporcionou condições para um “novo diálogo” entre as duas Igrejas.
Para Francisco, é “providencial” que esta data seja recordada “precisamente no início do Jubileu da Misericórdia”, que começa esta terça-feira.
“Não há um verdadeiro caminho para a unidade sem pedido de perdão a Deus e entre nós pelo pecado da divisão”, observou.
O Papa saudou o “querido patriarca ecuménico” Bartolomeu, de Constantinopla (atual Istambul) e os outros líderes das Igrejas Ortodoxas, deixando votos de que as relações entre os fiéis das duas comunidades sejam “inspiradas pelo amor fraterno”.
 

domingo, 6 de dezembro de 2015

Mulher deu chocolate a uma grávida num campo de concentração - para reflexão


Nascida em 1933, Francine Christophe foi deportada com sua mãe para o campo de concentração de Bergen-Belsen em 1944. Liberada no ano seguinte, ela nunca mais parou, desde então, de dividir suas experiências e lembranças, sobretudo com as gerações mais jovens.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

D. Virgílio Antunes sugere «diálogo aberto» e «compreensão»

Agência ECCLESIA/LFS, D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra
Dia Mundial da Paz: «Nada se cura na Igreja pela indiferença nem pela oposição», considera bispo de Coimbra

O bispo de Coimbra afirmou no Dia Mundial da Paz que existe uma “guerra” entre “grupos que têm entendimentos diversos sobre alguns pontos da doutrina e da prática eclesial” e sugeriu o “diálogo aberto” e a “compreensão”.

“Dentro da Igreja católica assistimos a uma guerra frequentemente surda, outras vezes ruidosa, entre grupos que têm entendimentos diversos sobre alguns pontos da doutrina e da prática eclesial”, afirmou D. Virgílio Antunes na homilia da Missa do Dia Mundial da Paz, acrescentando que “nada se cura na Igreja pela indiferença, nem pela oposição”.
“A via proposta pelo Senhor é sempre do diálogo aberto, da compreensão, do respeito e humildade diante dos outros e do mistério que nos envolve”, sustentou.
Para o bispo de Coimbra a indiferença nas relações entre pessoas, povos e nações, nas famílias e “dentro da Igreja católica” tem de ser combatida pelo “conhecimento, aproximação e colaboração ativa”.
Na homilia da Missa do Dia Mundial da Paz, enviada este domingo à Agência ECCLESIA, D. Virgílio Antunes afirmou que, depois de tempos de “algum modo tranquilos”, volta a agudizar-se na Igreja o problema “das relações internas, dos crentes das diferentes religiões e também da relação entre crentes e não crentes”.
Para o bispo de Coimbra a relação entre religiões está também a “sofrer muito” devido à “afirmação dos fundamentalismos de vária índole” através do discurso radical e de ações desumanas.
“É um problema na ordem do dia com contornos culturais, económicos, políticos. Qualquer solução tem de passar pela aproximação, pelo encontro, pelo diálogo, pelo respeito dos direitos humanos, da igual dignidade de todos os homens independentemente de religião”, desenvolveu.
O bispo de Coimbra sugeriu um caminho de “mudança cultural”, uma vez que a cultura dominante é de “indiferença em relação a Deus, aos outros, à sociedade, à política, à religião e à ética”, o que “não é caminho de futuro”.
No apelo a uma sociedade que não seja indiferente, o prelado constatou que a família é, “por excelência”, o lugar das relações que fazem “as pessoas felizes ou que as destroem”.
“É muito comum a tentação de se viver na mesma casa de costas voltadas, de fazer das relações familiares relações de indiferença, de ausência de compromisso como modo de ultrapassar problemas ou de os não criar”, analisou.
Segundo D. Virgílio Antunes, ao contrário do que “frequentemente se pensa”, a indiferença não gera a paz mas medo, agrava as feridas e aprofunda os problemas.
“A vocação de cada pessoa consiste em viver com as outras pessoas, em estar, em permanecer, em acompanhar e amar”, acrescentou.
O bispo de Coimbra, na homilia da Missa do Dia Mundial da Paz, convidou a que se “olhe” para as muitas realidades que “precisam urgentemente” que se passe da atitude da indiferença para o conhecimento, a aproximação, a colaboração ativa, “o caminho para a paz que o Senhor oferece com a Sua bênção”.

Coimbra, 04 jan 2015 (Ecclesia) CB/PR

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Por ano nascem mais de 250 bebés de mães com VIH/Sida








Cármen chegou a casa. A mãe estava sentada a chorar no sofá com um envelope mal escondido atrás das costas. “Disse-me que eu tinha sida. Tinha acabado de ler a minha sentença de morte e todos pensavam que eu ia morrer. Caiu o mundo”, descreve aos 39 anos.
O diagnóstico foi feito há 16 anos. Hoje, ainda lhe dói pensar na loiça separada e desinfectada que passou a ter só para si em casa dos pais. 
“Tinha medo de falar com as pessoas porque para mim, na minha cabeça, o VIH estava escrito na testa”, conta. Agora muitos dos problemas foram ultrapassados. E o motivo chama-se Patrícia, o nome fictício que escolheu para esconder a identidade da filha. Cármen conseguiu concretizar o principal sonho que chegou a pensar ter-lhe sido roubado pela doença: ser mãe.
Patrícia tem agora três anos e, apesar de a mãe ter o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), precursor da sida, nasceu saudável e tem umas bochechas e uns caracóis que são o orgulho de Cármen. Como ela, entre 1999 e 2010 nasceram 2656 crianças em risco de infecção, sendo que em 70 casos houve transmissão da mãe para o bebé, segundo dados avançados ao PÚBLICO pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA). Em 2010 já nasceram 264 crianças de mães com VIH, com a taxa de transmissão nos 1,9%, o que significa que houve cinco positivos para o vírus. Os números de 2011 ainda não estão disponíveis visto que as crianças são acompanhadas durante um ano. 
Ainda assim, estes são números muito diferentes dos de 1999, quando nasceram 97 crianças, seis delas infectadas, o que corresponde a uma taxa de 6,2% – a mais elevada até hoje. Desde 2001 que o número de crianças tem-se mantido acima das 200 por ano, com a percentagem de transmissão com algumas flutuações mas com tendência para baixar para números na casa dos 2%. Porém, diz o INSA, “nos últimos cinco anos observou-se uma estabilização das taxas de transmissão”, o que se deve sobretudo a casos em que as mães não fazem a medicação.

Lidar com a morte
A redução das taxas anuais de transmissão mãe-filho do VIH para níveis próximos do 1% até 2016 é precisamente um dos principais objectivos do Programa Nacional para a Infecção VIH/Sida, refere o coordenador António Diniz. Quanto a objectivos específicos para mulheres, o mesmo especialista esclarece que tal distinção só é feita “em casos de insuficiência socio-económica ou de violência de género”, pelo que estão incluídas nas metas gerais do programa que coordena.


A adolescência de Cármen foi atribulada, com um confronto com a heroína que levou os seus pais a internarem-na aos 21 anos numa clínica de reabilitação, onde teve um namorado. “Quando saí da clínica vinha toda gordinha e bonitinha mas a minha mãe quis que eu fizesse um check-up”. As análises traziam o veredicto aos 23 anos: VIH1 positivo. “Tínhamos relações sexuais sem nada e ele sabia que era seropositivo mas nunca me disse. Ainda hoje tenho vontade de matá-lo e pedia a Deus muitas vezes – e às vezes ainda peço – que mo ponha à frente. Ele no fundo matou-me. Às vezes não me lembro de coisas da semana passada e lembro-me da cara dele.”

Com 30 anos, a mulher escolhe o nome fictício Paula para contar a sua história. Sempre com um sorriso contagiante assegura: “Nunca tive medo de morrer. Tenho esta doença mas sinto-me uma mulher realizada e nunca baixei a cabeça. Em qualquer sítio tomo sempre muito cuidado porque há gente que posso pôr em risco, mas se tiver atenções redobradas não há problema”. Paula vivia na Guiné-Bissau e o marido, com quem namora desde os 14 anos, veio para Portugal em 2004. Num internamento por tuberculose o marido soube que tinha VIH2 e admitiu que tinha tido uma relação extra-conjugal com uma mulher infectada.


Paula veio entretanto para Portugal. Em 2006 fez análises e também estava infectada mas… com VIH1. Diz que sempre foi fiel e que tem a certeza que “apanhou o vírus” antes de ser mãe, numa cirurgia à mama onde levou várias transfusões, ainda na Guiné, onde o controlo de saúde por vezes falha. Felizmente nenhum dos filhos do casal, uma menina de 13 anos e um menino de 10, teve problemas. Mas como os vírus são diferentes, o preservativo é um elemento sempre presente.
Dez mil mulheres com VIH


Biologicamente, as mulheres são mais vulneráveis à infecção e em Portugal já caminham para quase 30% do total de infectados. No mundo todo são 50%. Os dados da ONUSIDA estimam que no país vivam mais de dez mil mulheres com VIH e que os homens já sejam cerca de 30 mil, o que também significa que a esperança média de vida está a aumentar. O problema é que muitos dos portadores desconhecem que estão infectados (estima-se que cerca de cinco mil) e a taxa de diagnósticos tardios é de 65%, o dobro da registada na Europa. Nos últimos anos tem também caído a taxa de incidência da doença, isto é, o número de novos casos diagnosticados.

Eugénio Teófilo, médico internista especialista em sida do Hospital dos Capuchos, reforça a importância de as mulheres pedirem aos seus médicos para incluírem um teste ao VIH nas análises de rotina, pois o prognóstico da doença tem vindo a melhorar mas apenas se for detectada precocemente para os doentes poderem começar a terapêutica certa. “O problema é que muitas mulheres, sobretudo com relações antigas, não percepcionam que podem estar em risco”, alerta.


Paula fala sem tabus mas afirma que apesar de conviver bem com o diagnóstico aconselha “quem não tem que não a procure” e que “faça análises e leve o parceiro também”. “Procurem o médico e façam análises. Se estiver tudo bem não procurem a doença. É uma doença que não está na cara. Está dentro do sangue e às vezes só se descobre quando se fica muito doente”, insiste.


Há também muitos falsos conceitos. No ano passado, por exemplo, foi divulgado um estudo que indicava que 28% das mulheres portuguesas ainda acreditam que o contacto com fluidos corporais que não sangue (saliva, suor e espirros) e o contacto corporal não sexual podem ser formas de transmissão do VIH.


O “Estudo quantitativo da percepção das mulheres portuguesas sobre VIH/sida”, feito a pedido da farmacêutica Bristol Myers Squibb, contou com uma amostra de 151 mulheres entre os 18 e os 65 anos e as conclusões revelam, também, que 87% das mulheres acreditam que numa relação sexual não protegida o risco de uma mulher ser infectada é igual ao do homem, com apenas 10% das mulheres a saberem indicar que o risco é superior.
Também Teresa Branco, médica  especialista em sida do Serviço de Infecciologia do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), diz que recebe cada vez mais mulheres  e alerta que “o risco de transmissão não se reduz com a idade”. Ainda assim, assegura que receber hoje um diagnóstico de VIH é muito diferente de há uns anos. “Ainda se pensa muito que é uma sentença que pode levar à morte e que a mulher não vai conseguir ter filhos. Não devemos desvalorizar a doença mas a vida destas mulheres já pode ser quase tão normal como a das outras e vão poder cuidar de uma família, se cuidarem primeiro de si e se forem acompanhadas pelos médicos e cumprirem a medicação”. A gravidez deve ser planeada e pode implicar tratamentos como a inseminação artificial.
Enjoos, náuseas, vómitos e comprimidos


Depois do diagnóstico, Cármen recaiu e virou-se para drogas injectáveis. “As pessoas pensam que nos drogamos e que andamos felizes, mas drogamo-nos para tirar as dores. É muito triste acordar e pensar naquilo, onde vamos arranjar dinheiro para a droga. Mesmo que alivie a dor, muitas vezes a cabeça continua a pensar”, descreve. Seguiram-se várias tentativas de reabilitação e desde 2000 que está limpa – altura em que o pai lhe disse que ou se matava ou se decidia a viver a vida normal que a esperava.

“Sentia vergonha de mim, olhava-me ao espelho e achava que estava geminada pelo vírus e que não servia para nada. No início tive muita dificuldade em aceitar e em começar a tomar a medicação. Tinha enjoos, náuseas, vómitos e tomava muitos comprimidos, mas hoje são menos e já não fico mal disposta. É uma doença que as pessoas discriminam muito, ainda hoje. Parece que se pega só de olharem”, lamenta. Foi na equipa médica que lhe dá apoio que encontrou conforto e que os seus pais puderam aprender a lidar com a doença, para deixar, por exemplo, de desinfectar a loiça.


Os namorados nunca faltaram a Cármen e sempre foi honesta com eles, deixando bem claro que o preservativo ia sempre fazer parte da relação e que filhos era uma ideia a descartar apesar de sempre se ter imaginado com uma grande família. “Nunca me quis vingar de outras pessoas. O meu medo era sempre eles não aceitarem.” Só que em 2007 conheceu um novo namorado que frequentemente insistia para não usarem preservativo. Cármen nunca cedeu. “Tu sabes o que o outro me fez? Tirou-me muitos anos da minha vida e tu queres que eu te faça o que ele me fez?”, lembrava-lhe.


Só que um dia reparou que o parceiro estava sem preservativo. Foi em 2009. Um teste de gravidez veio confirmar que a falha tinha resultado num bebé. “O meu primeiro pensamento foi que o bebé ia nascer seropositivo. Pensei se devia tirar ou deixá-lo vir ao mundo. Foi muito confuso. Queremos ser mães, mas é se for um filho saudável e se pudermos dar-lhes tudo. E eu só pensava que ia trazer uma criança para sofrer.” Mais uma vez foram os médicos a sossegá-la. Se na década de 1980 e 1990 a taxa de transmissão da doença de mãe para filho chegou a ser de 25% a verdade é que se Cármen cumprisse a medicação à risca para continuar a ter cargas virais baixas poderia ter um filho quase sem risco. “A maternidade está perfeitamente ao alcance de quem está infectado”, reforça Eugénio Teófilo, ressalvando que todo o processo deve ser cuidadosamente acompanhado.


Por precaução, Patrícia nasceu através de uma cesariana, mas já há situações em que os médicos não descartam o parto vaginal. Durante um ano Cármen viveu “num aperto até saber que ela estava limpa” nos vários testes necessários. “A minha filha é a coisa mais preciosa do mundo e a minha razão de viver. Mudou tudo… tenho mais responsabilidade e cresci, sinto-me mais mulher. Tinha saído da droga mas não tinha objectivos na vida, sentia um grande vazio. Faltava-me mesmo qualquer coisa. A responsabilidade agora é outra, tenho um ser humano que tenho de educar, proteger e ensinar e alguma coisa me dizia que ia valer a pena viver.”


Cármen não descura a medicação que é cedida gratuitamente no hospital. “Se tivesse de pagar eram mil euros por mês e para mim é importante saber que o Estado me dá uma coisa tão cara e que eu preciso para viver.”


Patrícia sabe que a mãe tem remédios de que não se pode esquecer, mas ainda não sabe qual é a doença. Cármen tenciona contar-lhe, até para ela se proteger no futuro. Para o futuro apenas ambiciona deixar de fazer parte do grupo de desempregados e conseguir “um cantinho” para si e para a filha, já que continua a viver com os pais.


Com a discriminação já aprendeu a lidar e sabe que na hora de procurar um trabalho é melhor omitir a doença. “Acredita que uma senhora que me dava sempre coisas para a menina, depois de saber que tenho VIH deixou de me cumprimentar e nunca mais deu nada?” Cármen continua a ter “medo” de se “apagar com uma gripe” mas prefere apostar na pedagogia: “Gostava de ser um exemplo, e aos meus amigos estou sempre a dizer para usarem preservativo. Mas as pessoas acham que só acontece aos outros”.


Quanto ao lado social, têm surgido algumas novidades dirigidas às mulheres, como a Plataforma Tal Como Tu, que desde há um ano une pela Internet médicos, associações e doentes do sexo feminino que podem partilhar as suas experiências. A especialista Teresa Branco reconhece que ainda há muita discriminação. Por isso, decidiu encabeçar um desafio e liderar em Portugal o programa SHE - Strong, HIV Positive, Empowered Women. Este é o primeiro programa europeu de apoio entre pares dirigido a mulheres com VIH. “Quem já passou por lá é que sabe o que é e há coisas que o médico não pode fazer”, resume. O programa dá formação e mulheres infectadas que devem servir de exemplo para outras e abordar questões mais sensíveis como os estigmas e violações de direitos humanos.


Um projecto com que Paula se identifica. Já no dia-a-dia na cantina social onde trabalha gosta de ajudar os outros e divulgar informação. “A auto-estima não me falta e passo isso para as outras mulheres. A primeira coisa a fazer é aceitar que se está doente e isso é fundamental em qualquer doença. Quando se aceita fica mais fácil. Eu saio, danço, sou alegre, feliz e bem-amada. 


Numa doença como o VIH é preciso reagir para não correr o risco de morrer antes do tempo, pois as características de uma pessoa contam muito. Tenho fé em Deus e acredito que vou cuidar dos meus filhos por um bom tempo. Sou uma mãe coruja.”

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