terça-feira, 30 de setembro de 2014

Criar um Boneco Ecológico

Uma actividade que integra o fenómeno da Vida de forma divertida!

Através de uma actividade lúdica, os alunos podem observar o crescimento das plantas. Os bonecos ainda auxiliam no estudo dos seres com vida e sem vida. Feitos de meia calça contém terra e sementes de alpista dentro. Por fora, os bonecos podem ser enfeitados e caracterizados com olhos, nariz, boca e orelhas criando fisionomias diferentes.As crianças podem acompanhar o crescimento das sementes de alpista brotando e formando o cabelo do boneco molhando-os diariamente. Assim, percebem a importância da água na vida das plantas, sem água não há vida!

Material Necessário:

• Meia calça usada;
• Serradura;
• Alpista ou semente de relva;
• Material de sua preferência para olhos, boca e nariz. ( botões e lã,cola plástica colorida, );
• Garrafas para a base.

Como fazer:
• Corte uma perna da meia calça;
• Coloque o alpista ou sementes;
• Complete com serradura;
• Dê um nó e corte o restante da meia;
• Faça a modelagem em forma de bola;
• Monte o boneco;
• Molhe a cabeça do boneco; em alguns dias a semente começa a nascer dando origem aos cabelos;
• Use a sua imaginação, criando diferentes tipos de bocas, olhos e detalhes;
• Corte o fundo de uma garrafa para fazer a base do boneco - assim, ele ficará em pé e ainda evita de molhar ao redor já que a água ali se concentra.É bom deixar água limpa no fundo da base.
. Todos os dias lave a base e troque a água.

Divirtam-se!!!


Resultado:

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Reflexão: "Não temos lugar para os idosos"


Pensar a vida é pensar também as diferentes idades da vida que somos. Neste contexto, gostava sublinhar a iniciativa do Vaticano que juntou, no final de Setembro, o Papa Francisco com os idosos. Trata-se de mais um ‘alerta’ para o modo como nos cuidamos e sobretudo como cuidamos dos mais ‘frágeis’.

O modo como tratamos os idosos diz muito dos valores e da ‘qualidade’ de uma comunidade e de uma sociedade. Os idosos não devem ser ‘eliminados’, ‘jogados fora’, nem devem ficar no ‘banco de reservas’ (Sandrin). Os idosos são pessoas - ponto. São pessoas que não só merecem ser bem cuidadas como podem dar um contributo específico ao mundo.

Muitas vezes vivemos e pensamos como se os idosos não contassem, como se não existissem… o pior é que tendemos a torná-los ‘invisíveis’. Um processo que muitas vezes confunde envelhecimento com doença. Todavia ficar mais velho não é igual a ser doente, limitado, dependente, incapaz, inútil…

Aqui entra, da parte destes, um chamar à atenção com as suas ‘dores’, ‘lamentos’ e ‘doenças’. Um processo que muitas vezes vêm como ‘sobrevivência’ afetiva numa espécie de concurso a ver quem tem mais doenças, mais problemas ou mais dores (basta passar umas horas num centro de saúde).

Mas ainda mais preocupante é ver idosos ‘abandonados’ nas instituições, a serem tratados como incapazes ou como crianças, isolados da vida social, ‘proibidos’ de trabalhar, tratados sempre como ‘coitadinhos’… Idosos que deixam a ‘sua casa’ e ‘perdem’ o seu espaço. Idosos que passam a ter que conviver com novos ‘vizinhos’ com novos horários e com novas regras.

Efetivamente, precisamos de projetos e de ideias - na sociedade e também nas comunidades cristãs - que envolvam os mais velhos, que os integrem e que possam contar com o seu contributo.

Quando pensamos em ‘pastoral’ facilmente se pensa na catequese, nos jovens e nos casais jovens, mas quase nunca nos mais velhos (a não ser em construir lares paroquiais – já é alguma coisa).

Mas se é verdade que precisamos de fazer uma crítica à sociedade em geral também temos que fazer uma crítica a muitos idosos que se instalam e se acomodam. Sobretudo todos os que se reformam e acabam por se deixar ficar em ‘casa’. Muitos ainda relativamente jovens e com muitas capacidades.

Há muitas coisas que os ‘reformados’ e os ‘idosos’ podem fazer na comunidade, nas instituições, nas associações… Mas infelizmente eu sei de vários que se ofereceram para voluntariados ou apresentam projetos… e a resposta é quase sempre ‘não, obrigado’. Também aqui é preciso muita criatividade e persistência.

Precisamos sobretudo de uma sociedade e de uma Igreja que tenha lugar para os idosos e conte com eles para ‘construir’ um mundo mais justo e humano. Uma Igreja que reze com eles e que conte com a sua oração.

A criança "constrói-se", não se faz!

Considerando que o educar é algo tão importante e valioso que não se faz de um momento para o outro, nem se vê resultados a curto prazo, a minha sugestão é que ..."vá educando" e os resultados virão com a maturidade com que a criança fôr conseguindo "encaixar" o que lhe vai passando....
Lembre-se que a criança constrói-se, não se faz!!!!!!
Aqui ficam algumas dicas:
FIRMEZA E COERÊNCIA: Se tem crianças acima dos 2 anos de idade poderá passar por situações nas quais o seu filho irá testá-lo e contestá-lo (birra, choro, esperneio, etc.) constantemente, com a intenção de não cumprir o que foi pedido.
Seja firme e mantenha a sua posição até ao fim. Deste modo, está a ajudar a criança a perceber que existe coerência na sua organização familiar, promovendo assim a possibilidade da criança, gradualmente, ir criando e vivenciando o conceito de segurança e logo, a sentir a sua estrutura familiar como securizante, como um porto de abrigo para onde é seguro "correr";

PACIÊNCIA: Educar um filho nem sempre é uma tarefa fácil...é certo que eles nos dão muitas alegrias mas, também, algumas dores de cabeça. O truque é arranjar estratégias para não perder a calma...Quando a perdemos, estamos a mostrar à criança que não temos mão nela, estamos a mostrar-lhe que o adulto, em vez de resolver, entra em descontrolo. Este sentir gera, por sua vez na criança, o sentir de que a sua estrutura não lhe garante segurança. É claro que por vezes perdemos a paciência...Somos humanos afinal... mas, vamos tentar, todos os dias, fazer com que o descontrolo seja a excepção e não a regra
SINCRONIA EDUCATIVA: É fundamental que os pais mostrem, perante a criança, sincronia educativa. Se a criança percebe que a ma~e diz A e o pai diz B, vai "jogar" com isso...As decisões em relação à criança devem ser comunicadas pelos dois (sempre que possível juntos), de forma ela perceber que, ambos os progenitores "cantam" a mesma musica.
Quando um dos progenitores contradiz o que o outro já disse, está a retirar ao segundo qualquer possibilidade da criança reconhecer nele uma figura de autoridade e, logo, de ir construindo por essa figura o conceito de RESPEITO (conceito diferente do conceito de medo). Para além disso, a criança acaba por ficar confundida em relação à forma como deve agir, bem como em relação ao perceber, diante da incoerência dos pais, o que é certo e errado

PERSEVERANÇA: Já referi em cima e volto a referir...Educar não é fácil! Muitas vezes apetece "mandar tudo ao ar" e desistir porque, até estamos a fazer o que é correto mas a criança não mostra corresponder a isso. Como resposta, volto ao inicio, ao titulo deste artigo...A CRIANÇA "CONSTRÓI-SE", NÃO SE FAZ!!!!!...Tudo o que fazemos agora, vamos ver resultados mais tarde...Na educação, no ser pai e mãe, nada é imediato, tudo se constrói, tudo se vai fazendo através dos nossos exemplos, das nossas posturas e, principalmente, através da nossa perseverança
Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil
Asas - Clínica De Apoio Terapêutico a Crianças, Jovens E Famílias, Portimão
Daqui

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Discurso de Leonardo DiCaprio


Leonardo DiCaprio discursou na Cimeira do Clima da ONU, no seu novo papel como Mensageiro da Paz das Nações Unidas. 

23/09/14   Daqui

domingo, 14 de setembro de 2014

Excelente ano letivo!


Que este novo ano seja repleto de novas descobertas e aprendizagens, muitas brincadeiras, toneladas de valores e bastantes sorrisos!


sábado, 6 de setembro de 2014

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Papa Francisco lança plataforma digital que liga escolas de todo o mundo

Papa falou com alunos dos cinco continentes


O Papa Francisco associou-se hoje ao lançamento da plataforma digital que liga a “rede mundial de escolas pelo encontro”, ‘Scholas occurrentes’, e falou em videoconferência com alunos dos cinco continentes.
“O futuro é dos jovens, mas atenção: jovens com asas, para criar, e que tenham raízes para receber dos mais velhos a sabedoria”, disse, em conversa com jovens da Austrália, Israel, Turquia, África do Sul e El Salvador.
Francisco desafiou as novas gerações a “protestar contra as guerras” e sonhar com um “mundo melhor”, procurando construir “pontes em vez de muros”.
“Vocês têm muitas coisas no coração, podem fazer muito” e isso pode servir de inspiração para outros, disse, numa conversa marcada por vários momentos de descontração e gargalhadas.
O Papa disse a um dos jovens não ter “uma bola de cristal, como as bruxas, para adivinhar o futuro”, mas mostrou confiança nos mais novos.
"Os jovens não querem a guerra, querem a paz", realçou.
A rede global gratuita de ‘Scholas occurrentes’, que conta com o apoio do Vaticano, reúne alunos de qualquer religião e grau de ensino, de escolas públicas e privadas, procurando desafiar as instituições a “partilhar os seus projetos” e ajudar em particular as que têm menos recursos.
“A juventude precisa de comunicar, de mostrar e partilhar os seus valores”, afirmou o Papa.
A iniciativa partiu dos projetos promovidos pelo Papa Francisco quando era arcebispo de Buenos Aires, criando redes de ‘Escuela de Vecinos’ (Escola de Vizinhos) e ‘Escuelas Hermanas’ (Escolas Irmãs) na capital argentina.
A ideia, precisou o pontífice, é “continuar a comunicar entre si, partilhar experiências”, numa rede em que “ninguém manda, mas tudo funciona”, com “generosidade” e “respeito”, evitando “qualquer tipo de discriminação”
Francisco sublinhou a importância da “educação, do desporto e da cultura” na formação das novas gerações.
A plataforma ‘Scholas.social’ conta com o apoio de empresas como Google, Globant e Line 64 e é lançada inicialmente em inglês, italiano e espanhol.
O jornal do Vaticano assinala na sua edição de hoje que esta iniciativa "visa a criação de uma rede de escolas que por meio da arte, da tecnologia, especialmente online, e do desporto formem para os valores humanos sobretudo os mais desfavorecidos e desenvolvam uma cultura do encontro".
Até este momento, segundo o 'Osservatore Romano', aderiram 300 mil institutos espalhados por 30 países.
Cidade do Vaticano, 04 set 2014 (Ecclesia) - OC 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A noiva portuguesa da Jihad

A filha de 19 anos de um casal alentejano fugiu para a Síria no início do mês e casou-se com um guerrilheiro do Estado Islâmico, também ele português. Os pais só sabem dela através do Facebook. Na semana em que os jihadistas decapitaram mais um jornalistas norte-americano, o Expresso recupera um artigo publicado na edição de 30 de agosto do semanário.

Em Menbij, no nordeste da Síria, junto à fronteira com a Turquia, ninguém a conhece por Ângela. Ali chama-se Umm. O marido também não é Fábio. É Abdu. Ele cresceu na linha de Sintra, nos arredores de Lisboa. Ela na Holanda, para onde os pais alentejanos emigraram. Ele já está na Síria há mais de um ano. É jihadista, combatente nas fileiras do exército radical do Estado Islâmico (EI). Ela chegou lá este mês. Nunca se tinham visto, mas já estavam noivos há vários meses no Facebook. Através da rede social partilharam radicalismos e ambições de vida: são ambos muçulmanos convertidos, extremistas, defensores do califado islâmico, adversários do Ocidente e dos países "infiéis". E são ambos portugueses.
Em três anos, a guerra síria atraiu cerca de 2800 combatentes estrangeiros. Nos últimos meses começaram a chegar as noivas da guerra santa. Em Al-Bab, a norte de Alepo, os rebeldes abriram em julho um posto onde se registam as mulheres solteiras e viúvas que querem casar com os mujahedin. A notícia foi avançada pela agência Reuters, mas Ângela, 19 anos, não precisou dessa informação. Como qualquer adolescente combinou tudo pela internet. Fugiu a 9 de agosto, casou a 10.
"Sim, sim, são os olhos dela. Não há dúvida de que é ela". O pai - que pediu para não ser identificado - vê pela primeira vez o perfil que a filha mais velha criou no Facebook com o nome árabe que adotou, onde junta à dela a identidade do marido. Nas fotos, Umm surge de niqab, um véu preto que lhe cobre o rosto, só deixando de fora os olhos escuros. No estado civil lê-se: casada. O pai não sabe bem o que pensar, o que dizer. Quando o Expresso falou com ele tinham passado poucas horas desde que a ex-mulher lhe contara da fuga, da Síria, do casamento. A internet estava agora a confirmar o que lhe parece "inacreditável, irreal".
Os pais de Ângela estão separados. O pai vive no Alentejo, onde nasceu. Ela morava com a mãe e a irmã mais nova nos arredores de Utrecht, na Holanda, para onde o casal tinha emigrado há largos anos. "No fim de semana em que fugiu a mãe tinha ido à Bélgica. Ela ficou em casa sozinha, o que era absolutamente normal. Ninguém suspeitou de nada. Porventura já estava tudo combinado há muito tempo. Já lá falou com a mãe pela internet a contar o que tinha feito. Que nojo. Nem sei com quem casou, não sei nada".
O Facebook volta a dar uma ajuda ao pai de Ângela. Como a  maioria dos mujahedin, Abdu também tem uma página pessoal onde promove a guerra santa. Aparece de cara descoberta, sorridente, com várias armas, a bandeira preta e branca do Exército Islâmico a surgir em quase todas as fotografias. "A Guerra Santa é a única solução para a Humanidade", escreve.
O que falta no seu perfil online consta seguramente dos registos dos serviços secretos portugueses e internacionais: Fábio é um dos dez radicais islâmicos portugueses monitorizados por suspeita de atividade terrorista, e um dos mais ativos, na rede e na guerra. A família tem raízes em Benguela (Angola), mas ele nasceu e cresceu nos subúrbios de Lisboa, onde a mãe ainda vive. Apaixonado por futebol, emigrou para os arredores de Londres, converteu-se ao islamismo e desde outubro de 2013 que combate na Síria contra o regime de Bashar al-Assad.
A história de Ângela é contada pelo pai (a mãe não quis falar). "Tornou-se muçulmana radical há cerca de um ano, foi tudo extremamente rápido. Por isso é que fiquei surpreendido, não consigo entender". Nasceu na Holanda, numa família de tradição católica mas não praticante. Só por azar não foi batizada: uma tia, destinada para madrinha, morreu no ano em que estava agendada a cerimónia. Foi adiada para nunca mais. "Era uma miúda liberal em todos os sentidos: fumava, gostava de se divertir, de beber uma cerveja ou duas ou três. Era sociável, não tinha nada a ver com burqas, com os fatos dessas loucas. De um momento para o outro começou com estas ideias".
 Pai proibiu burqa no Alentejo
Pai e mãe conversaram então sobre o assunto. Concluíram que "era só para chamar a atenção. Andar de cara e corpo cobertos num meio pequeno como aquele onde ela vivia punha toda a gente a falar". Ângela vinha todos os anos a Portugal passar férias. Em 2013 fez a viagem pela última vez: "Já havia essa questão do islamismo, já não comia carne de porco, queria respeitar o Ramadão", conta o pai. "Este ano veio a mãe e a irmã e ela ficou na Holanda. Proibi-a de usar burqa aqui. 'Vens a Portugal mas a burqa não metes', disse-lhe. Ela não viajou".
Ângela estava desempregada. "Não quis estudar. A mãe tentou tudo, escolas especiais mas nunca chegou a bom porto. Ela só queria computador, computador, computador". No computador era Umm, fundadora e administradora do grupo Islão no Coração (assim mesmo em português - entretanto desativado), defensora acérrima da guerra santa na Síria e no Iraque e frequentadora de vários grupos radicais islâmicos holandeses e ingleses. Por tudo isto começou então a ser monitorizada pela secreta portuguesa. Identificava-se como alentejana, e foi assim que, em maio, o Expresso a descobriu na rede e falou com ela.
"Os jihadistas estão na Síria e no Iraque para que o regime não mate todo um povo. A Jihad é uma coisa boa, não é má como dizem na televisão", justificou por telefone. Revelou que gostaria também ela de ir para Síria - "tenho lá uns dez, quinze amigos, e também amigas holandesas. Os meus pais estão assustados com essa possibilidade. É normal, sou a única muçulmana da família, mas já lhes expliquei que não vou, não posso ir, só se tivesse marido. A minha jihad é na internet. Tenho de cuidar da minha mãe, que esteve muito doente, e da minha irmã mais nova. Se partisse agora iria contra as regras do Islão", explicou Umm.
O impedimento terminou três meses depois. A decisão foi comunicada já em solo sírio, num cibercafé. "Alhamdoulilah, cheguei em segurança ao Sham [grande Síria]. Irmãs, não hesitem. Sinto-me tão bem, como se tivesse sempre vivido aqui, sinto-me em casa. Insha'Allah, Alá irá reunir-nos a todos em breve!".
O pai leu todos os posts das páginas de Ângela e de Fábio à procura de informações e explicações. Em nenhum lado se lê como a filha chegou ali, mas a pausa declarada por Abdu no início do mês - "há 30 dias sob disfarce, a frente de guerra espera por mim" - poderá indicar que o jihadista português foi buscar a noiva algures no caminho que a levou da Holanda à Turquia e depois à Síria.
"Sinto-me acabado, infeliz, atraiçoado, sinto-me perdido. Se pudesse ir buscá-la ia já, mas é impossível, ela já tem 19 anos, fez este mês. Vou fazer tudo para conseguir trazê-la de volta à Holanda ou a Portugal. Mas conhecendo-a como conheço não vai querer regressar". As mensagens com que Umm alimenta o novo perfil no Facebook indiciam isso mesmo - "Antes chamava alegria a momentos temporários de felicidade. Só agora que vim para um estado islâmico percebi que todos os ingredientes da felicidade estão aqui, pois estou no paraíso".
Ângela e Fábio moram numa zona residencial, juntamente com vários casais ocidentais, da Holanda, Inglaterra e Alemanha. "Todos aqui vivem sob o estado islâmico, sob as regras do Alcorão e da Sunnah", escreve Umm. As mulheres têm de usar o niqab e só saem de casa com a permissão do marido. "É para nossa segurança. Os homens sabem a que horas os aviões vêm e quando podem cair bombas. Nesses dias é melhor ficar em casa", explica a uma amiga que vive na Holanda e que lhe pergunta sobre as restrições impostas às mulheres.
De dia, a portuguesa vai às compras no centro da cidade "com as irmãs", ao mercado buscar "coisas saborosas", há crianças a brincar, as ruas estão cheias de pessoas e carros, relata. As fotografias que publica mostram edifícios pintados a preto e branco (as cores do EI) e os produtos que lhes enchem a despensa: muita comida empacotada, batatas fritas, molho satay, frango e arroz, a Pepsi e a Nutella que ela não dispensa ao pequeno-almoço.
"Os media criam a ideia de que se vive no meio de uma guerra, mas não é tão inseguro como dizem. É verdade que às vezes cai uma bomba, mas não se sente medo. E se a bomba tiver escrito o nosso nome, tornamo-nos mártires, Insha'Allah". Numa das últimas fotos que colocou no Facebook mostra o interior da sua mala de mão: "Sempre me perguntei o que uma mulher tem dentro da bolsa: bem, tenho uma [pistola de] 9 mm", graceja.
O pai de Ângela recorda as últimas conversas com a filha, diálogos meio crispados, opostos. "Às vezes ficava mesmo revoltado. Sabendo o que se está a passar na Síria, o genocídio praticado por esses radicais que querem acabar com os cristãos, os vídeos que vi no YouTube a matarem pessoas, a queimá-las vivas, e ela a defender tudo, a justificar".
O radicalismo de Umm mantém-se. No dia 22, publicou nas redes sociais a fotografia tirada antes da decapitação do repórter James Foley, e escreveu: "Para aqueles que dizem que era um jornalista, supostamente inofensivo, ele não era mais do que um soldado americano que mata o nosso povo. Quantas pessoas foram mortas por este tipo de palavras? São mortes inúteis? Uma morte americana fica muitos milhares atrás de quanto eles nos têm matado". Noutro post comenta os placards publicitários, que ali enaltecem a luta do Estado Islâmico: "Quem vai ganhar? Os nossos outdoors ou aquelas mulheres seminuas a vender desodorizantes?"
 Quatro portugueses no EI
Ângela comenta a Jihad nas redes sociais, Fábio vai para a frente de combate. Fonte ligada aos serviços de informação portugueses coloca-o na brigada Kataub al Muhajireen do EI, constituída apenas por combatentes de países ocidentais, como a Grã-Bretanha, Alemanha, França ou Dinamarca. Ao seu lado há pelo menos mais três portugueses: dois irmãos, de 26 e 30 anos, que como Fábio, cresceram na linha de Sintra; e um jovem de Quarteira, de 28 anos. São amigos no Facebook e irmãos de armas na frente de guerra. Os quatro converteram-se ao islamismo quando estavam emigrados nos arredores de Londres e daí partiram para a Síria. O algarvio terá sido ferido com gravidade nas pernas há alguns meses e ainda não regressou ao combate. Os restantes mantêm-se ativos.
O Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) confirmou em abril ao Expresso que se encontram "referenciados alguns cidadãos nacionais que integram esses grupos de combatentes", sendo que alguns "detinham um estatuto de residência temporária em outros países europeus, embora apresentem conexões sociais e familiares ao território nacional". O recrutamento é feito "através da Internet" e de "estruturas logísticas formais e informais que atuam à escala regional e global", adiantou a secreta.
Na semana passada, os Estados Unidos consideraram que o Estado Islâmico representa uma ameaça terrorista "para lá" de qualquer outra conhecida até hoje, "junta ideologia, uma estratégia sofisticada, habilidade militar e tática e está tremendamente bem financiado. É preciso estar preparados para tudo". No Facebook, Ângela usa outras palavras para descrever a luta jihadista na Síria, mas o sentido é o mesmo: "Quando olhamos para o cano de uma arma vemos o paraíso, quando um avião sobrevoa as nossas casas estamos prontos para receber a bomba, quando um pai cai mártir o filho está pronto para substituí-lo. Faremos tudo para manter e expandir o nosso estado islâmico. Como se pode ganhar a um povo que não teme a morte?"
 |  11:19 Quarta feira, 3 de setembro de 2014

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