quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Relação entre pai e filho - reflexão, a partir de "Farol"

O autor é Po Chou Chi, um jovem diretor, natural de Taiwan, radicado em Los Angeles.  

Chou Chi produziu o filme Lighthouse ("Farol"), cheio de subtilezas e simbolismos. 
De facto, trata delicadamente a relação entre um pai e um filho, uma relação de crescimento, repleta de amor e de respeito. 

"Farol" mostra ainda que o fim também é o começo... 

!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Filme "Debaixo do Céu" sobre refugiados judeus em Portugal


Quando Hitler invade grande parte da Europa e estende a perseguição aos judeus nos territórios que ocupa, três milhões de refugiados rumam a sul. Nenhum judeu estava a salvo. Debaixo do Céu é um filme narrado sobre estas histórias de êxodo ilustrado com registos fílmicos da época. Oito olhares de crianças, que hoje têm perto dos oitenta anos, dão voz sobre a viagem que centenas de milhares de judeus fizeram para escapar à perseguição do regime nazi. Na altura, sob a ditadura de Salazar, Portugal acolheu uma grande população de judeus refugiados, causando um grande impacto social no país. 




Aristides de Sousa Mendes

Ao mesmo tempo que assinalamos o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, a 27 de Janeiro, lembramos os milhões que pereceram, mas também aqueles poucos indivíduos corajosos que arriscaram a sua vida para salvar centenas de judeus, entre eles 36 diplomatas que não conseguiram fechar os olhos aquelas horrendas injustiças. 
Portugal: Aristides De Sousa Mendes
“Prefiro estar com Deus contra o homem do que com o homem contra Deus.” - Aristides de Sousa Mendes

Com a ocupação da Europa Ocidental pela Alemanha nazi na primavera e no verão de 1940, milhares de refugiados tentaram fugir para a Península Ibérica na tentativa de encontrar um refúgio. O ditador português, António de Oliveira Salazar, permitiu aos titulares de vistos para o estrangeiro que transitassem por Portugal, mas fechou as fronteiras para aqueles que não tinham vistos. Cerca de 15.000 a 20.000 refugiados judeus puderam entrar em Portugal, e organizações judaicas que trabalhavam em Lisboa, como a Joint, a HIAS-HICEM e a Jewish Agency, facilitaram a saída dos refugiados. Em 1943-1944, Portugal salvou as vidas de várias centenas de judeus portugueses da Grécia e de França, mas não conseguiu ajudar os 4.303 judeus holandeses de origem portuguesa, que consequentemente foram deportados para os campos de extermínio.
Após a invasão alemã a França, em Maio de 1940, Aristides de Sousa Mendes, cônsul geral de Portugal em Bordéus, França, viu-se confrontado com milhares de refugiados reunidos em torno do seu consulado, a pedir por ajuda. Assistindo a esta terrível situação, Sousa Mendes decidiu desobedecer às instruções explícitas do seu governo e emitiu vistos de trânsito a todos os que deles necessitassem, renunciando às taxas de visto para aqueles que não as podiam pagar. Estabelecendo um “processo de linha de montagem”, Sousa Mendes conseguiu emitir vistos para vários milhares de refugiados. Quando Lisboa soube das acções de Sousa Mendes, foi imediatamente ordenado a voltar para casa. Foi julgado por um painel disciplinar e demitido do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ficando sem meios de subsistência e incapaz de sustentar a sua grande família. Sousa Mendes faleceu, completamente falido, em 1954. Só em 1988 o governo de Portugal lhe concedeu a reabilitação total.

Aristides de Sousa Mendes foi reconhecido como Justo entre as Nações pelo Yad Vashem em 1966.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Trabalhos do 1º Ciclo sobre o Dia Int. em memória das vítimas do Holocausto

E.B.1 do Corgo
 E.B. 1 Parada de Cunhos
E.B.1 do Bairro - 2ºB
E.B.1 Bairro - 3ºB
 O uso da estrela de David
 E.B. 1 Timpeira - 1º e 2º anos
 E.B. 1 Timpeira - 3º e 4º anos
EB1 Prado - 3º e 4º anos

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Reflexão: "Carregando as baterias" - vídeo


Trata-se de uma belíssima animação da Malásia, que conta a comovente história de uma idosa que vive sozinha até à chegada de uma encomenda curiosa: um pequeno robô para ser seu amigo eletrónico. 

Um vídeo para refletir não apenas sobre o poder da amizade, mas da simbologia universal da bateria como representação desta força vital, da energia que nos mantém vivos, nos faz mover, viver e renovar a esperança na vida, no trabalho, na amizade, na família, no amor e em tudo mais... 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

A importância e o valor dos pais




Um jovem de nível académico excelente, candidatou-se à posição de gerente de uma grande empresa.
Passou a primeira entrevista e o diretor fez a última, tomando a última decisão.
O diretor descobriu, através do currículo, que as suas realizações académicas eram excelentes em todo o percurso, desde o secundário até à pesquisa da pós-graduação e não havia um ano em que não tivesse nota máxima.
O diretor perguntou: "Tiveste alguma bolsa na escola?"
O jovem respondeu: "Nenhuma!"
O diretor perguntou: "Foi o teu pai quem pagou as tuas mensalidades?"
O jovem respondeu: "O meu pai faleceu quando eu tinha apenas um ano… Foi a minha mãe quem pagou as minhas mensalidades."
O diretor perguntou: "Onde trabalha a tua mãe?"
E o jovem respondeu: "A minha mãe lava roupa."
O diretor pediu que o jovem lhe mostrasse as suas mãos. O jovem mostrou um par de mãos macias e perfeitas.
O diretor perguntou, novamente: "Alguma vez ajudaste a tua mãe a lavar as roupas?"
O jovem respondeu: "Nunca! A minha mãe sempre quis que eu estudasse e lesse mais livros. Além disso, a minha mãe lava a roupa mais depressa do que eu."

O diretor disse: "Eu tenho um pedido. Hoje, quando voltares a casa, aproxima-te da tua mãe e limpa-lhe as suas mãos. Depois, volta cá amanhã de manhã."


O jovem sentiu que a hipótese de obter o emprego era alta. Quando chegou a casa, pediu, feliz, à mãe que o deixasse limpar as suas mãos. A mãe achou estranho… Estava feliz… Mas, com um misto de sentimentos, mostrou-lhe as suas mãos ao filho.
O jovem limpou lentamente as mãos de sua mãe. Uma lágrima escorreu-lhe enquanto o fazia. Era a primeira vez que reparava que as mãos de sua mãe estavam muito enrugadas e havia demasiadas contusões nas suas mãos. Algumas eram tão dolorosas que a mãe se queixava quando as limpava com água.
Esta foi a primeira vez que o jovem percebeu que este par de mãos, que lavavam roupa todo o dia, tinham-lhe pago as mensalidades. As contusões nas mãos da mãe eram o preço a pagar pela sua graduação, excelência académica e o seu futuro.
Após ter acabado de limpar as mãos da mãe, o jovem silenciosamente lavou as restantes roupas pela sua mãe.
Nessa noite, mãe e filho falaram-se por um longo tempo.

Na manhã seguinte, o jovem foi ao gabinete do diretor.
O diretor percebeu as lágrimas nos olhos do jovem e  perguntou: "Diz-me o que fizeste e o que aprendeste, ontem em tua casa?"
O jovem respondeu: "Eu limpei as mãos de minha mãe e, ainda, acabei por lavar as roupas que sobraram."
O diretor pediu: "Por favor, diz-me o que sentiste."
O jovem disse: "Primeiro: agora sei o que é dar valor. Sem a minha mãe, não haveria um eu com sucesso hoje. Segundo: ao trabalhar e ajudar a minha mãe, só agora percebi a dificuldade e a dureza que é ter algo pronto. Em terceiro: agora aprecio a importância e o valor de uma relação familiar."
O diretor disse: "Isto é o que eu procuro para um gerente. Eu quero recrutar alguém que saiba apreciar a ajuda dos outros, uma pessoa que conheça o sofrimento dos outros para terem as coisas feitas e uma pessoa que não coloque o dinheiro como o seu único objetivo na vida. Estás contratado."
Mais tarde, este jovem trabalhou arduamente e ganhou o respeito dos seus subordinados. Todos os empregados trabalhavam diligentemente e como equipe. O desempenho da empresa melhorou tremendamente.

REFLEXÃO:
Uma criança protegida e que habitualmente teve tudo o que quis, apenas desenvolverá o seu egoísmo, com uma mente muito voltada para si e sempre a colocar-se em primeiro lugar. Ignorará os esforços dos seus pais e quando começar a trabalhar, assumirá que todas as pessoas devem-no ouvir. Posteriormente, quando for gerente, nunca saberá o sofrimento dos seus empregados e há-de culpar sempre os outros. Estas pessoas até podem ser boas academicamente, ou ainda, ser bem sucedidas por um tempo, mas eventualmente não sentirão a sensação de objetivo cumprido. Resmungarão sempre… o ódio permanecerá nas suas entranhas e lutarão sempre por mais, sem olhar a meios… Contudo, sentir-se-ão frustradas porque não amadas…

Se somos esses pais, estamos realmente a mostrar amor ou estamos a destruir os nossos filhos?

Podem deixar os vossos filhos viver numa grande casa, comer boas refeições, aprender piano e ver televisão num grande TV em plasma. 


Mas quando tiverem que tratar do jardim, cortar a relva… por favor, deixem-nos experimentar também isso. Depois da refeição, deixem-nos lavar os seus pratos juntamente com os irmãos e irmãs. Deixem-nos guardar os brinquedos e arranjar as próprias camas. Isto não é porque não têm dinheiro para contratar uma empregada, mas porque os amam e, assim, ensinam como deve de ser. Que eles entendam que não interessa o quão ricos os seus pais são, pois um dia eles irão envelhecer, tal como a mãe daquele jovem. 

A coisa mais importante que os vossos filhos devem entender é apreciar o esforço e experiência da dificuldade e a aprendizagem da habilidade de trabalhar com os outros para fazer as coisas.

Quais são as pessoas que ficaram com mãos enrugadas por mim?
[Autor desconhecido]

O outro diário adolescente da II Guerra - Renia Spiegel

Conhecemos bem o Diário de Anne Frank, que morreu no campo de concentração de Bergen-Belsen em 1945, mas ainda não lemos o de Renia Spiegel, executada aos 18 anos numa pequena cidade da Polónia. 
Até aqui só estava editado em polaco, em breve chegará às livrarias em inglês. 
A Smithsonian publicou um excerto — a Segunda Guerra outra vez em direto e na primeira pessoa.
Há quase 70 anos Renia Spiegel escreveu a última entrada no seu diário. São três parágrafos em que esta jovem polaca, judia, se dirige à mãe, de quem acaba de receber uma carta com uma fotografia, e a Deus. “A polícia do ghetto judeu veio na noite passada. Ainda não pagámos tudo. Oh! Por que não pode chover dinheiro? Afinal, é a vida das pessoas. Chegaram tempos horríveis. Não imaginas quão horríveis, mamã. Mas Deus toma conta de nós e, embora eu esteja terrivelmente assustada, confio Nele.”

Nesse mesmo dia, 25 de Julho de 1942, já à noite, Renia parece despedir-se, como se pressentisse que o fim não tardava: “Meu querido diário, meu bom e adorado amigo! Passámos por tempos aterradores juntos, mas agora enfrentamos o pior dos momentos. (...) Escuta, Israel, salva-nos, ajuda-nos. Protegeste-me das balas e das bombas, das granadas. Ajuda-me a sobreviver! E tu, minha querida mamã, reza por nós hoje, reza com força.” Seria executada cinco dias depois.

Anos antes, em 1939, quando Renia estava já a viver em casa dos avós na pequena cidade de Przemysl, e a irmã sete anos mais nova, Ariana, estava de visita, tinham ficado separadas da mãe. Com a Polónia dividida entre russos e alemães, acabaram por ficar em lados opostos da “fronteira” que o arranque da Segunda Guerra Mundial desenhou a régua e esquadro. Róza, que se mudara com Ariana para Varsóvia para que a filha pudesse seguir uma carreira no mundo do espectáculo (chamavam-lhe a “Shirley Temple polaca” por se ter estreado em palco aos oito anos, cantando, tocando piano e recitando poesia), permanecera na capital, território sob ocupação nazi.

A primeira entrada do diário
“Por que razão decidi começar um diário hoje? Aconteceu alguma coisa importante? Não! Eu só quero um amigo. Alguém com quem possa conversar sobre as minhas preocupações e alegrias do dia-a-dia. Alguém que sinta o que eu sinto, que acredite no que digo e nunca revele os meus segredos”, começa por escrever, a 31 de Janeiro de 1939, esta jovem polaca que sonhava ser professora e conhecer o mundo. Tinha apenas 15 anos. Menos de três meses antes, a começar a 9 de Novembro de 1938, uma onda de violência anti-semita tinha atravessado a Alemanha, a Áustria e a República Checa. Durante 48 horas, centenas e centenas de sinagogas, escolas, lojas e casas que pertenciam a cidadãos judeus foram destruídas. Aquela que ficou conhecida como a Noite de Cristal acabaria com quase cem judeus assassinados, muitos deles espancados nas ruas, e com mais de 20 mil deportados para os campos de concentração.

No Verão de 1941, Renia fala, assim, do que sente ao ter de usar a braçadeira branca com a estrela de seis pontas, eficaz contributo para a violenta discriminação dos judeus na Polónia ocupada pelas forças alemãs: “Para ti eu continuarei a ser a mesma Renia, mas para outros tornar-me-ei inferior: uma rapariga usando uma braçadeira branca com uma estrela azul. Serei uma judia.”


Com o começo da guerra descreve a criação do ghetto em Przemysl, onde é obrigada a viver, e a deportação de membros da sua comunidade. Dia 15 de Julho de 1942: “Lembra-te deste dia; lembra-te bem. Contarás às próximas gerações. Desde as 8h de hoje que nos fecharam no ghetto. Agora vivo aqui. O mundo está separado de mim e eu estou separada do mundo.”





Helga Weiss: a sucessora de Anne Frank

Helga Weiss e Anne Frank têm três pontos em comum. Ambas nasceram em 1929, ambas descreveram o regime nazi em diários e ambas passaram pelo maior campo de extermínio de judeus, Auschwitz. E um ponto que as difere: Helga sobreviveu ao Holocausto. Anne Frank morreu em Bergen-Belsen (Alemanha) aos 15 anos.
Helga conseguiu o feito de ser uma das 100 crianças que escapou com vida ao tenebroso campo de concentração, também considerado símbolo do Holocausto, a Sul da Polónia. Graças ao tio, que preservou o seu diário, escondendo-o numa parede, recupera agora as memórias. ‘O Diário de Helga’ foi lançado hoje, dia 19, pela editora Bertrand.
Neste mapa, pode seguir-se o percurso de Helga a partir de Praga, passando por Ostrava, até Auschwitz.
Os testemunhos são reproduzidos através dos cadernos originais. Helga começou por retratar os tempos de Praga, depois descreveu Terezín, onde entrou em 1941 (como se pode ver nesta planta, era uma fortaleza na República Checa convertida em campo de concentração, para onde foram 15 mil crianças) e a entrada em Auschwitz, em 1944.
O diário descreve as condições deploráveis que Helga e mais 45 mil judeus sofreram durante a invasão a Praga. O pai, funcionário num banco do Estado, deixou de trabalhar. As escolas encerraram e seguiram-se as deportações. 


Entre os relatos escritos, Helga também fez algumas ilustrações. Um talento que desenvolveu no pós guerra, quando regressou a Praga e estudou Arte. Em 2010, fez as ilustrações do livro do pai 'E Deus Viu o que Era Mau', que sempre a incentivou ao desenho. 
Com o pai, Otto, em Fevereiro de 1930 
Oito anos depois desta foto, Helga começou a redigir o diário, para descrever a ocupação em Praga. Quando a cidade da Checoslováquia foi invadida pelo regime nazi, Helga e mais 45 mil judeus passaram a viver em condições deploráveis, devido ao anti-semitismo.
O pai da autora ficou impedido de trabalhar. Em Setembro de 1939, as escolas fecharam e iniciaram-se as deportações. As crianças concentravam-se num quarto com uma mesa e cadeiras e aprendiam num quadro de lousa. No mês seguinte, decretou-se o encerramento das universidades. 
A família de Helga confinava-se ao apartamento, com escassa liberdade de movimentos. Aproximava-se o pânico do raid aéreo. 
Quando ouviu o soar o alarme, Helga correu para o abrigo com a família. “O meu pai andava de um lado para o outro no vestíbulo, impacientemente, e a minha mãe mal me conseguiu vestir as roupas da ginástica antes de corrermos para a cave. O porteiro abriu a velha arrecadação que deveria servir de abrigo. Ficámos apertados; ficamos apertados uns contra os outros.”

No início das aulas, em 1936.
A imagem não era elucidativa do ambiente pesado após os primeiros raids, em 1938. Mesmo assim, Helga continuava a frequentar a escola. Recorda que não estava muito atenta nas aulas, porque os alunos só pensavam no que ocorrera nessa noite. Trocavam impressões sobre o assunto e após o almoço regressaram ao abrigo. 
A tensão alastrou-se às salas de aula, sobretudo em Março de 1939. “Na escola, o ambiente era triste. As conversas alegres e o riso despreocupado das crianças tinham-se transformado em murmúrios assustados. Podíamos ver aglomerados de raparigas embrenhadas em conversas, nos corredores e nas salas de aula. Depois do toque da campainha, fomos para as nossas salas. Pouco se ensinou.”
Mais tarde, deu-se o inevitável: as crianças judias acabaram expulsas das escolas estatais. “Eu gosto da escola e a ideia de nunca mais me poder sentar numa carteira com os outros alunos faz-me vir lágrimas aos olhos. Mas tenho de o suportar; há outras coisas à minha espera, e muitas delas serão, sem dúvida, bem piores.”



Com os pais e a avó paterna, Sofie
Até Outubro de 1939 a família de Helga manteve-se unida. O mesmo não se passa com outras, dispersas em campos de concentração. 
“As detenções nunca param. A polícia alemã ‘Gestapo’, percorre Praga e prende quem muito bem entende, como eles dizem. Praga está cheia de homens da Gestapo, vestidos com uniformes e à civil”, recorda a autora.


Clandestinamente, os amigos arianos de Helga permitiam-lhe que ela continuasse a estudar e levaram-lhe cadernos escolares. Foi assim que Helga conseguiu ser aprovada num exame da escola judaica com nota máxima.
Correspondência com o tio, Josef Polák

Este familiar foi determinante para a publicação do diário. Foi ele que conseguiu preservá-lo, ao escondê-lo numa parede.

O ano de 1941 foi particularmente difícil. Helga e os pais foram deportados para um campo de concentração em Terezín, onde permaneceram três anos.

“Não voltaremos a ver Praga, outra vez. Nunca mais!”, lamenta Helga. 

À chegada, Helga foi conduzida para um edifício. Depois de subir as escadas e de percorrer um corredor, sentiu algum alívio. Tinha direito a um quarto. Era o 215. Adormeceu num colchão.
Bilhete da mãe para o pai
A troca de correspondência era feita em segredo. Nesta carta, a mãe de Helga escreve ao marido que tenta trazer a irmã e os parentes para a caserna.

Num outro bilhete, o pai de Helga confessou ao tio dela, Josef, o sofrimento de estar separado da família.

Capa do bloco de notas
No seu caderno de capa dura, Helga desenhava, mas também transcrevia poemas.

Poemas em bloco de notas
A autora apreciava prosa poética, como se pode ler na página esquerda. “Esquece as horas de sofrimento/mas nunca as lições que te ensinaram/Em memória, Francka.”
À direita, escreveu com mais humor: “Quando batatas e nabos comeres ao jantar/em Terezín hás de pensar”.
Numa outra página, coleccionou várias assinaturas de colegas de turma quando frequentavam a escola estatal.
Dormitório no campo de Terezín
A 13 de Dezembro de 1941, Helga registou que ela e a mãe tentavam dormir neste dormitório, confinadas a um espaço exíguo, com apenas 1,2 metros quadrados. “Somos 21 numa sala bastante pequena.”
Para saírem dali tinham de passar por cima de outros deportados. “Enfiamos os pés na cara de outras pessoas – é verdadeiramente horrível.”
O mais preocupante é que Helga não via o pai desde sexta-feira. “Mas ele enviou-nos uma carta de um homem que tem um passe. Por isso, uma das nossas grandes preocupações desapareceu: sabemos que ele ainda está na mesma cidade do que nós. Não podemos contactar com ele, nem mesmo por escrito – salvo se nos cruzarmos com alguém com passe e essa pessoa levar uma carta consigo.”


Brigada da limpeza

Depois de ter passado um Natal que qualifica de “miserável”, Helga descreveu o funcionamento da brigada da limpeza no campo, a 5 de Janeiro de 1943. “Permitia à pessoa visitar outras casernas. Numa altura em que ainda não era permitido à pessoa o livre-trânsito pela cidade, antes dos, antes de os habitantes naturais terem sido evacuados, esta era a única oportunidade para os homens e mulheres se encontrarem ou, pelo menos, para se verem ao longe.”

Em 1943, Helga mudou-se para a residência de um antigo comandante alemão. A casa localizava-se junto à praça da igreja. “Dividiram-nos em quartos por ano de nascimento. Por isso fiquei no vinte e quatro. Somos trinta e seis aqui; temos beliches com três pisos. Durante o dia estudamos juntas e só podemos sair como brigada.”

Vivia com uma rapariga da sua idade, Francka, apenas quatro dias mais nova. Mais uma coincidência: ambas nasceram na mesma maternidade. Falavam até de madrugada, o que impedia de chorarem. “Somos todas jovens raparigas, afinal, e devemos ser alegres; não nos são permitidas lamúrias.”

Apesar do aparente entusiasmo na escrita, Helga estava preocupada. A mãe adoeceu com uma infeção no ouvido médio e Helga só tinha permissão para visitá-la durante uma hora, ao fim do dia.
Ópera no sótão
Sim, havia muita disciplina e trabalho árduo. Mas também atividades lúdicas, por mais improvável que isso possa parecer. A explicação deve-se ao facto de haver uma grande comunidade de artistas e cientistas em Terezín. 
Helga descrevia a agitação cultural no campo, em Dezembro de 1943. “Realizavam-se recitais literários, concertos, peças e palestras nos dormitórios, nos sótãos e nos pátios. Estes eram uma fonte de esperança e de força, e as pessoas, incluindo as crianças, interessavam-se muito por elas.” 


A ilusão da Cruz Vermelha
As aparências contavam para impressionar o comité internacional da Cruz Vermelha, que visitou o campo de Terezín em 1944. “Tudo foi cuidadosamente limpo, iluminado e organizado como num palco. O comité foi enganado e acreditou que tudo se passava de acordo com a melhor das suas ordens”, recorda a autora.


O primeiro desenho: boneco de neve
Foi a primeira ilustração que fez em Terezín, em Dezembro de 1941. Dedicou-a ao pai, a quem fez chegar, secretamente, pela caserna masculina. O pai disse-lhe: “Desenha o que vês.”
No desenho seguinte reproduziu a “fila interminável” em direcção à cozinha, onde as mulheres aguardavam de pé pelas refeições, três vezes por dia. 
Também desenhou os lares para crianças, que tinham aulas a um canto. Mas ficou especialmente impressionada em 1942, ao encontrar uma cama num corredor com alguém a sofrer de tuberculose. 
Quando a sua melhor amiga Francka fez 14 anos, presenteou-a com um desenho onde procura fazer futurologia. “Imaginávamos como seria a vida dentro de catorze anos, quando fôssemos mães e passeássemos por Praga”. Nunca puderam concretizar. A amiga morreu poucos meses depois em Auschwitz. 


Canal no Pátio 
Os deportados não escapavam à chamada. À chegada ou partida do campo eram forçadas ao registo e a uma marcação. O mais doloroso era o compasso de espera. Durante horas, por vezes até dias, aguardavam que as chamassem, independentemente da temperatura. O retrato foi feito a 9 de Setembro de 1943.


Transporte de crianças polacas 
O retrato destas crianças, feito a de 19 de Agosto de 1943, é impressionante. “Chegaram num estado deplorável e ficaram de quarentena durante toda a sua estadia em Terezín. Não sei por que razão, mas elas deviam ter sido enviadas para a Suíça e acabaram em Auschwitz”, conta a autora. 
De ingénuas tinham pouco, já que quando foram conduzidas para os chuveiros, perceberam que se tratava de gás e gritaram. “Na altura, sabiam mais do que os outros prisioneiros de Terezín.”
In Revista Sábado, por Raquel Lito, 19/07/2013

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Significado de Família


A minha família é a minha casa


Numa família há afeto e exemplo, há limites e respeito, há quem nos aceite como somos sem deixar de nos animar a sermos melhores, sem excessos mas com a paciência de quem ama.
 A solidão absoluta é não ter ninguém a quem dizer um simples: “tenho vontade de chorar”. Não precisamos de muito para viver bem – para ser feliz basta uma família e pouco mais.
 A família é a casa e a paz. O refúgio onde uma vontade de chorar não é motivo de julgamento, apenas e só uma necessidade súbita de... família. De um equilíbrio para o qual o outro é essencial... assim também se passa com a vontade de sorrir que, em família, se contagia apenas pelo olhar.
 Nos dias de hoje, vai sendo cada vez mais difícil encontrar gente capaz de ser família. Os egoísmos abundam e cultiva-se, sozinho, o individual. Como se não houvesse espaço para o amor. Dizem que amar é arriscado, que é coisa de loucos...
 Todos temos sentimentos mais profundos. Cada um de nós é uma unidade, mas o que somos passa por sermos mais do que um. Parte de unidades maiores. Estamos com quem amamos e quem amamos também está, de alguma forma, connosco. O amor é o que existe entre nós e nos enlaça os sentimentos mais profundos. Onde uma vontade de chorar é um sinal de que há algo em mim que é maior do que eu... por vezes, nem preciso de chorar.... apenas a vontade me indica o caminho da humildade e do amor. Sozinho não consigo chegar a ser eu...
 Uma verdadeira família é simples. É o lugar onde todos amam e protegem a intimidade de cada um. Ninguém é de uma família à qual não se entrega. Mas não é fácil, nunca. É preciso ser forte o suficiente para dizer não a um conjunto enorme de coisas que parecem muito valiosas, mas que não passam de ocas aparências de valor.
 Há muita gente que gosta de complicar para fugir ao que é simples. Para que me serve um palácio se nele a minha solidão se faz ainda maior? Quantos desistem de lutar pelo amor com a desculpa de que o preço é alto e o prémio pode afinal não valer o esforço? Quantas vezes a falta de amor é vista como paz?
A família é algo simples – puro – mas muitíssimo difícil de alcançar. Implica a renúncia constante aos artifícios do fácil e do imediato. Exige que nos concentremos num caminho longo que acreditamos (sem grandes provas) que é o único que nos pode elevar e levar ao céu.
Numa família há afeto e exemplo, há limites e respeito, há quem nos aceite como somos sem deixar de nos animar a sermos melhores, sem excessos mas com a paciência de quem ama.
 A paz resulta de um equilíbrio de elementos diferentes, com talentos e perspetivas distintos. Não através de um esforço de anulação do que é único de cada um, mas precisamente pela riqueza de o orientar rumo a um fim conjunto e harmonioso. Uma espécie de enriquecimento recíproco dos contrários. Promover o bem do outro não é fazer com que se torne semelhante a mim.  
 A minha casa é o lugar onde eu sou o outro a quem alguém pode expressar o seu “tenho vontade de chorar” sem que eu trace juízos de qualquer espécie, e que lhe faça sentir com o meu silêncio, dedicação e presença que a sua vontade já não é só sua... mas minha também.
A minha família é a minha casa. Até podemos ser apenas dois... mas é aí, e só aí, que posso ser feliz. Longe de casa estou sempre a caminho. O meu coração não descansa senão nos braços de quem tem vontade de sorrir e de chorar comigo.
José Luís Nunes, 3-9-2014 Daqui

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