Por tudo quanto vos devo!
Desde o anel de noivado...
Às folhinhas do meu trevo.
São João não quer que eu reze
Quando lhe falo em casar!...
Mas se eu não defendo a tese
Não me posso doutorar!
Fui tudo p'lo S.João!
Fogueira...chuva de prata!...
Andei no ar, fui balão!
Agora sou a cascata!
Não fossem as orvalhadas
Desta noite de fogueiras
E muitas mulheres casadas
Tinham ficado solteiras!
Não insistas que não posso
Ser só teu nas romarias!...
Há no Terço um Padre Nosso
Para dez Avé Marias!
S.João: diz com franqueza,
Se não é forte capricho
Veres tanta fogueira acesa
E ficares dentro do nicho!
Ramiro de Oliveira, in "Pecados sem Remissão" Retirado de http://sabedoriapopular.blogs.sapo.pt
Cantai, Cantai, raparigas
Cantai sempre ao S. João
Porque ele paga as cantigas
Com muito bom coração.
A fonte da devoção
Lá por trás do convento
Fê-la talvez S. João
P´rás vésperas de casamento.
Pedi-te um beijo e a seguir
Deste-me um ... e depois tantos
Mas por fim sem os pedir.
Nosso Senhor concedeu
Ao Santo por atenção
Que se cantasse no céu
A moda do S. João.
Às vezes bota o S. Pedro
E zanga-se o S. João
E a sorrir Nossa Senhora
Apazigua a questão.
Não tenhas medo, Maria
Pois a ninguém vou contar
Que a chorar pediste um dia
A S. João para casar.
Num pergaminho doirado
Diz uma lenda suave
S. João Baptizou Cristo
Nas águas do Rio Ave.
E foram as rndilheiras
Que fizeram ao serão
Um vestido caprichoso
Para dar ao S. João.
Em paga de tal oferta
O S. João obrigado
Resolveu casá-las todas
Com noivos de seu agrado.
Por isso com alegria
As rendilheiras lá vão
Festejar com brilho o dia
Do seu querido S. João.
Não vos canseis raparigas
De cantar ao S. João
Aquelas doces cantigas
Que vos dita o coração.
Quando ouve as rendilheiras
S. João de lá responde –
As raparigas mais lindas
São as de Vila do Conde.
DUARTE SILVA, retirado de http://www.rancho-da-praca.com
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