É 300 mil vezes maior do que aquele que destruiu o Titanic. A entrada no oceano destes icebergues tem consequências, sendo a principal um aumento do nível do mar
Desde janeiro que os avisos se multiplicavam. E finalmente aconteceu. Um iceberg com cerca de 5800 quilómetros quadrados desprendeu-se da plataforma Larsen C, na Antártida Ocidental. O incidente foi confirmado esta quarta-feira pelos peritos do Projeto Midas, da Universidade de Swansea, no País de Gales, que há décadas se dedicam a estudar esta região antártica.
Trata-se de um dos maiores blocos de gelo de que se tem notícia, 300 mil vezes maior do que aquele que destruiu o Titanic, com uma área superior à do Luxemburgo e um peso acima dos mil milhões de toneladas. Adrian Luckman, do Projeto Midas, reconheceu que o seu desprendimento era dado como certo há meses e que até se pensava que fosse acontecer mais cedo. Isto porque, em maio, a fenda no gelo sofreu uma evolução: alastrando-se por 180 km, apenas 10 km do bloco se mantinham unidos à plataforma. Há dias, a Agência Espacial Europeia (ESA) anunciou num comunicado que a fenda já chegaria aos 200 km e que faltavam só cinco para o iceberg se separar.
É MAIS DO QUE PROVÁVEL QUE SE DIVIDA EM SEGMENTOS
A entrada no oceano destes icebergues tem consequências, sendo a principal um aumento do nível do mar. Este em particular — que provavelmente será denominado A68 —não irá provocar grandes alterações, uma vez que já se encontrava a flutuar antes do seu desprendimento. Quanto ao seu percurso a partir de agora, os cientistas não o conseguem prever. “É mais do que provável que se divida em segmentos”, alguns dos quais “poderão ficar na zona durante décadas”. Outros “poderão derivar para norte, rumo a águas mais quentes”, disse Adrian Luckman.
De acordo com este perito, o desprendimento do iceberg não é um facto necessariamente climático mas pode responder a causas geográficas, relacionadas com a própria vida destes blocos. Porém, o aquecimento global pode estar a acelerar estes processos.
ICEBERGUE TEM 200 METROS DE PROFUNDIDADE
Certo é que, visto de longe, o bloco é monumental, com uma altura de 190 metros, uma profundidade de cerca de 200 metros e um tamanho de 1.155 km cúbicos. Por sua parte, Nowl Gourmelen, professor da Universidade de Edimburgo e membro da ESA, alertou para a necessidade de monitorizar o seu trajeto, de forma a não ameaçar o tráfico marítimo.
Os especialistas já tinham assistido a um fenómeno semelhante com a desintegração das plataformas Larsen A em 1995 e Larsen B em 2002. Porém, a Larsen C é a maior de todas e afirma a ESA que o seu volume de gelo, mesmo sem contar com o bloco agora desprendido, seria suficiente para que os oceanos ganhassem 10 cm.
Os especialistas já tinham assistido a um fenómeno semelhante com a desintegração das plataformas Larsen A em 1995 e Larsen B em 2002. Porém, a Larsen C é a maior de todas e afirma a ESA que o seu volume de gelo, mesmo sem contar com o bloco agora desprendido, seria suficiente para que os oceanos ganhassem 10 cm.
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