Os jovens portugueses entre os nove e os 16
anos têm uma perceção maior do que os seus pares europeus quanto aos
riscos associados a conteúdos violentos e pornográficos na internet,
revela um estudo divulgado hoje.
"Quando analisámos as respostas das crianças
portuguesas, o que notámos foi que Portugal apresentava valores acima da
média europeia no que se refere aos conteúdos pornográficos e aos
conteúdos violentos", disse à Lusa Cristina Ponte, coordenadora em
Portugal do projeto europeu 'EU Kids Online', responsável pelo estudo.
De acordo com a coordenadora portuguesa, os jovens
portugueses mostram preocupações com os riscos associados a conteúdos
violentos e pornográficos numa percentagem de 27%, contra um valor médio
europeu ligeiramente acima dos 20%.
Os portais de partilha de vídeos como o YouTube são a
maior fonte de incómodo na internet para os jovens europeus dos nove aos
16 anos, que os associam ao risco de encontrar online imagens violentas ou pornográficas.
A conclusão consta de um estudo divulgado hoje, que
congrega as respostas de quase dez mil jovens europeus para aferir o que
incomoda as crianças e jovens dessa idade ao usarem a rede.
"Não falar com estranhos"
Conduzido em 25 países europeus, incluindo Portugal, e
divulgado na data em que se assinala o Dia Europeu da Internet Mais
Segura, este estudo aponta os portais de partilha e alojamento de
vídeos, as páginas na internet na sua generalidade, as redes sociais e
os jogos, como as principais fontes de incómodos e riscos para os mais
novos.
Ainda sobre os resultados relativos aos 430 jovens e
crianças portugueses inquiridos, num universo de 9904 respostas em toda a
Europa, Cristina Ponte referiu que as respostas portuguesas têm que ser
enquadradas "com a paisagem europeia".
"A preocupação com os conteúdos pornográficos e
violentos aparece mais nos países do sul da Europa, com uma certa
cultura católica e em que o uso da internet não é tão intenso, como no
norte da Europa", explicou.
A coordenadora adiantou também que cerca de um terço
das respostas portuguesas se assemelhavam mais a "uma recomendação do
que realmente àquilo que as crianças acham que pode incomodar uma
criança da idade delas".
"A resposta ao questionário parecia reproduzir uma frase que eles ouvem muito: 'Não falar com estranhos'", precisou.
Experiência que os pais não viveram
Cristina Ponte destacou a diversidade das respostas a
este inquérito, que levou crianças a manifestar preocupações
aparentemente tão elementares como entrar na conta da rede social
Facebook e perceber que se tem um amigo a menos, a aspetos mais vastos e
elaborados como a perceção de uma quase total ausência de privacidade
pelo uso da rede.
"São problemas que mostram que as crianças e os jovens
estão a viver uma experiência que os seus pais não viveram e que é uma
experiência nova em termos de relações sociais", sublinhou a
coordenadora portuguesa.
Para Cristina Ponte os resultados indicam uma
necessidade de envolver pais, professores, governos e entidades com
poderes regulatórios num processo que previna o acesso a imagens
violentas.
"Ressalta também a necessidade de uma educação para os
direitos das crianças no digital e o direito à sua boa imagem não ser
maltratado pelos colegas. Isto é uma questão de educação e respeito que o
Dia Europeu da Internet Mais Segura deste ano coloca com muita tónica",
afirmou.
Quanto ao envolvimento dos pais, Cristina Ponte pede
uma atenção permanente aos sinais dados pelos filhos, um diálogo
constante e uma mudança de atitude, já que entre os pais portugueses se
denota uma tendência para negar comportamentos reconhecidos até pelas
próprias crianças, como o envio ou a receção de imagens sexuais.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/criancas-portuguesas-mais-alerta-quanto-a-violencia-e-pornografia-na-net=f784793#ixzz2K1FHu7ZW
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