Thea tem 12 anos e a mãe disse-lhe que vai ter de casar com um homem 25 anos mais velho. Desde então, esta menina norueguesa tem alimentado um blogue onde conta os preparativos para a cerimónia forçada, sobre as intenções do futuro marido de a tirar da escola e sobre a ‘obrigação’ de ter filhos imediatamente.
O blogue conta com mais de meio milhão de leitores e já motivou uma torrente de chamadas para a polícia norueguesa. Nas redes sociais, a hashtag #stoppbryllupet (parem o casamento) tornou-se viral.
Tudo não passa de uma genial campanha de choque contra o drama dos casamentos forçados de menores. Todos os anos, 39.000 crianças em todo o mundo são entregues pelos pais a homens mais velhos. A maioria das vítimas que frequenta uma escola acaba por abandonar os estudos. Iniciam a sexualidade precocemente e, ao engravidarem durante a puberdade, correm graves riscos para a saúde, incluindo a morte.
A organização norueguesa responsável pela campanha, a Plan International, admite que as imagens e os textos do blogue de Thea são “provocantes” e assumem o objectivo de indignar a opinião pública.
O efeito tem sido positivo, já que a organização tem recolhido donativos para crianças em risco de casamento precoce. Não na Noruega, onde o fenómeno se reduz a casos muito raros de crianças de minorias étnicas, mas em países como o Bangladesh e a Tanzânia.
A escolha de 11 de Outubro como data para o ‘casamento’ também não acontece por acaso. Trata-se do Dia Internacional da Rapariga, uma data promovida pelas Nações Unidas para alertar a opinião pública mundial para os desafios que as meninas enfrentam.
De resto, a atribuição esta sexta-feira do Nobel da Paz a Malala Yousafzai vem sublinhar o problema do acesso das raparigas à educação. A jovem paquistanesa de 17 anos foi atingida a tiro na cabeça, em 2012, por um combatente talibã, em represália pelos seus textos críticos das restrições impostas às meninas do Vale de Swat.
10/10/2014, in Sol
Sem comentários:
Enviar um comentário