Saramago, um homem tímido e de "coração doce"
Amanhã, 16 de Novembro, José Saramago completaria 88 anos. A filha Violante recorda um homem aparentemente austero e tímido mas de “coração doce”.
Se tivesse de escolher uma palavra para definir o pai, Violante Saramago apontaria para "filósofo". “Mais do que um escritor, aliava a escrita a preocupação cívica", explica, assegurando que o pai “gostaria de ter feito mais coisas e contribuir mais para um mundo melhor que era a sua grande preocupação”, sobretudo depois de ter sido galardoado como Prémio Nobel.
Numa entrevista à agência Lusa na semana em que o pai completaria 88 anos, Violante Saramago Matos, diz que “ser filha de José Saramago é um peso enorme, uma grande honra e um grande orgulho, que tem de dosear para não se deixar afogar na sua dimensão”.
“Eu não sou filha de pais normais”, diz Violante, explicando que durante muitos anos foi “a filha de Ilda Reis para o circuito das Artes Plásticas e para o das Letras era a filha de José Saramago. A certa altura as duas tiveram que encontrar-se, numa esquina, e combinar que tinham que ser a Violante”.
As suas memórias mais antigas vêm de "uma casa onde nasceu em Lisboa, de um escritório com duas estantes de pau preto, uma secretária enorme, onde ele trabalhava, cheia de livros”.
“Tenho muitas memórias do meu pai a escrever, de vez em quando lia-me as crónicas que fazia para a imprensa e depois dos livros”, recorda.
A filha de Saramago refere não ter “traumas de infância”, afirmando ter sido educada “pela palavra” e as situações nunca eram colocadas no plano do sim ou não, “havia sempre uma razão para as coisas”.
“Não me trazia prendas todos os dias, mas era um pai que estava lá quando eu precisava e se proporcionava. Nós conversávamos muito. Sei que foi um pai que me deu muita coisa, ajudou-me a equacionar e perceber a vida e fez-me pensar muito, o que é mais importante. Os presentes estiveram ao nível do intelecto”, explica.
Sobre a personalidade do pai diz que era “uma pessoa de fácil trato, contido na expressão das emoções porque era extremamente tímido”, o que dava a ideia de ser “complicado chegar até ele”.
A filha do escritor revela que a forma mais completa de ver como era irónico e subtilmente divertido é no filme “José e Pilar” que chega ao circuito comercial na terça-feira, no dia dos seus anos”, diz Violante Saramago.
“Essa secura era mesmo só aparente porque ele era um coração doce”, afirma.
Emocionada, admite que ficaram “muitas palavras por dizer, mas que vão continuar a não ser ditas” e elege O Ensaio sobre a Cegueira como a sua obra preferida.
+ Novembro, o mês de Saramago
+ Especial José Saramgo: A viagem não acaba nunca
+ Documentário «José e Pilar»: «Este é um filme dos vivos para os vivos»
Amanhã, 16 de Novembro, José Saramago completaria 88 anos. A filha Violante recorda um homem aparentemente austero e tímido mas de “coração doce”.
Se tivesse de escolher uma palavra para definir o pai, Violante Saramago apontaria para "filósofo". “Mais do que um escritor, aliava a escrita a preocupação cívica", explica, assegurando que o pai “gostaria de ter feito mais coisas e contribuir mais para um mundo melhor que era a sua grande preocupação”, sobretudo depois de ter sido galardoado como Prémio Nobel.
Numa entrevista à agência Lusa na semana em que o pai completaria 88 anos, Violante Saramago Matos, diz que “ser filha de José Saramago é um peso enorme, uma grande honra e um grande orgulho, que tem de dosear para não se deixar afogar na sua dimensão”.
“Eu não sou filha de pais normais”, diz Violante, explicando que durante muitos anos foi “a filha de Ilda Reis para o circuito das Artes Plásticas e para o das Letras era a filha de José Saramago. A certa altura as duas tiveram que encontrar-se, numa esquina, e combinar que tinham que ser a Violante”.
As suas memórias mais antigas vêm de "uma casa onde nasceu em Lisboa, de um escritório com duas estantes de pau preto, uma secretária enorme, onde ele trabalhava, cheia de livros”.
“Tenho muitas memórias do meu pai a escrever, de vez em quando lia-me as crónicas que fazia para a imprensa e depois dos livros”, recorda.
A filha de Saramago refere não ter “traumas de infância”, afirmando ter sido educada “pela palavra” e as situações nunca eram colocadas no plano do sim ou não, “havia sempre uma razão para as coisas”.
“Não me trazia prendas todos os dias, mas era um pai que estava lá quando eu precisava e se proporcionava. Nós conversávamos muito. Sei que foi um pai que me deu muita coisa, ajudou-me a equacionar e perceber a vida e fez-me pensar muito, o que é mais importante. Os presentes estiveram ao nível do intelecto”, explica.
Sobre a personalidade do pai diz que era “uma pessoa de fácil trato, contido na expressão das emoções porque era extremamente tímido”, o que dava a ideia de ser “complicado chegar até ele”.
A filha do escritor revela que a forma mais completa de ver como era irónico e subtilmente divertido é no filme “José e Pilar” que chega ao circuito comercial na terça-feira, no dia dos seus anos”, diz Violante Saramago.
“Essa secura era mesmo só aparente porque ele era um coração doce”, afirma.
Emocionada, admite que ficaram “muitas palavras por dizer, mas que vão continuar a não ser ditas” e elege O Ensaio sobre a Cegueira como a sua obra preferida.
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2010-11-15 Fonte: LUSA
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