Rosh Hashaná 2018:
Da tarde de domingo, 9 de setembro
Até à tarde de
terça-feira
,
11 de setembro
O Ano Novo Judaico, conhecido como Rosh Hashaná, é um dos feriados mais significativos dos judeus. Ao contrário das celebrações dos finais de ano convencionais, comemorados com muitas festas e queimas de fogos, esta passagem da mística judaica envolve uma profunda meditação sobre o passado, durante a qual se faz um balanço de tudo que passou no ano que ficou para trás, o que se concretizou, o que se deixou de realizar, como se agiu, de que forma se poderia ter actuado, entre várias outras questões existenciais. A partir daí, planeia-se um período melhor no futuro. As pessoas têm a oportunidade de avaliar os seus erros e redimir-se dos seus pecados diante de Deus.
Esta festa é realizada com refeições tradicionais em família, geralmente acompanhadas de maçã e mel. O termómetro para se avaliar a importância de um evento judaico é a extensão do feriado dedicado a ele. Neste caso, o Rosh Hashaná é um dos dois Grandes Feriados do judaísmo. O outro é uma sequência deste, o Yom Kipur, que se inicia dez dias depois do Ano Novo Judaico. Juntos, eles tecem o que se conhece como a era dos Grandes Feriados.
De facto, o Rosh Hashaná abrange quatro eventos que se interconectam: o Ano Novo judaico, o dia do julgamento, o dia da lembrança e o dia do toque do shofar. Estes acontecimentos estão essencialmente ligados à criação do Homem, a qual, segundo o Talmud, teria se concretizado no primeiro dia do mês chamado de Tishrei. Assim, este evento marca o dia em que essa geração se processou, como se a cada ano se reciclasse este ato criador, oferecendo a todos a oportunidade de se renovar e de se purificar, conquistando assim um novo recomeço.
Logo que os judeus fugiram do Egito, o Criador transmitiu a Moshe Rabenu as leis que se referem ao princípio de cada mês, o qual normalmente ocorre simultaneamente ao nascer de cada nova lua. Desta forma, ao fim de um ciclo de 19 anos, os judeus acrescentam um mês a mais para contrabalançar o calendário lunar, mais curto. Aliás, o calendário da religião judaica, ao contrário do gregoriano adotado pelo Ocidente, foi estabelecido por Hillel II, em meados de 359, fundamentado não só no sol, mas também na lua.
Traduzindo, Rosh Hashaná significa ‘cabeça do ano’, uma referência à importância do cérebro para o Homem na estruturação de sua existência, mas ao contrário da tradição ocidental, ele não incide sobre o primeiro dia do ano judaico, portanto é mais representativo do que algo exato, preciso. É uma forma de oferecer a cada um o dia do julgamento, durante o qual o homem pode decidir-se pela rectificação dos seus erros, por meio do arrependimento – teshuvah -, da oração – tfiloh – e da caridade – tzedakah. O judeu é valorizado no seu livre arbítrio; tem o poder da escolha, que parte da consciência; detém o potencial de mergulhar em si mesmo e de perceber o que deve ser mudado. Então, é ‘inscrito e selado no Livro da Vida’, saudação comum entre os judeus neste momento.
Os judeus acreditam que os seus nomes são, neste período, registados neste Livro da Vida. Aí entra a importância do Yom Kipur na sequência, quando este Livro é selado. Enquanto este momento não chega, considera-se que o indivíduo está a viver os dias de temor. O dia da lembrança marca a rememoração do quase sacrifício de Isaac, filho de Abraão, pelo próprio pai, a pedido do Senhor, ato de extrema subserviência a Deus, recordando assim a cada judeu a importância de servir ao Criador. O shofar é um instrumento de sopro construído com chifre de carneiro. O soar dele redesperta na memória dos judeus o episódio de Isaac; traz à mente a lembrança de uma coroação e também comemora a criação da Humanidade, além de despertar os judeus para a presença de Deus nas suas vidas.
Durante os banquetes realizados ao longo de duas noites, os judeus costumam submergir a Chalá, pão particularmente trançado, e pedaços de maçã em mel, representando assim as suas expectativas quanto a um ano doce. Tudo o que é então consumido, de frutas a vegetais, têm não só um sabor especial, mas também uma simbologia específica. Ao se comer cada alimento, faz-se antes um pedido. Alguns destes desejos estão de certa forma associados ao nome da comida, em hebraico.
Por Ana Lucia Santana (adaptado) Daqui
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