É uma questão de senso comum: como o tabaco, é universalmente reconhecido que o consumo excessivo de álcool tem consequências negativas no nosso organismo. Mas um novo estudo científico recém-publicado na revista “Addiction” vai mais longe e conclui que os adolescentes que bebem demais tendem a ter menos massa cinzenta no cérebro, sendo essa estrutura responsável por funções como a memória, a tomada de decisões e o autocontrolo.
A investigação, elaborada por pesquisadores da universidade da Finlândia Oriental, na Finlândia, acompanhou 62 jovens durante dois anos — sendo que todos eles tinham participado num estudo sobre o bem-estar em que relatavam o seu consumo alcoólico durante a adolescência, dos 13 aos 18 anos. Os resultados demonstraram que 35 deles abusavam do consumo de álcool — bebiam pelo menos quatro vezes por semana, ou bebiam muito, com menor frequência. Tomografias Axiais Computadorizadas mostraram que os jovens que bebiam álcool em excesso tinham menores volumes de massa cinzenta.
“Mudanças na estrutura do cérebro pode ser um dos fatores que contribuem para os problemas sociais e mentais entre os indivíduos que usam substâncias”, afirmou Noora Heikkinen, investigadora principal do estudo.
O neurologista José Barros, diretor clínico do Centro Hospitalar do Porto, entende que esta investigação está em linha com aquilo que já se sabe acerca do consumo excessivo de álcool. “As complicações neurológicas do alcoolismo são clássicas, muito prevalentes e variadas”, explica.
“O consumo excessivo de álcool é um fator de risco para a deterioração do sistema nervoso central (cérebro, cerebelo, tronco cerebral, medula espinhal), do sistema nervoso periférico (raízes, plexos e nervos) e do músculo.”
E chama a atenção para outras consequências nefastas do álcool, menos discutidas: “Pode existir uma relação direta de causa-efeito entre a toxicidade do álcool e as lesões neurológicas, mas também indireta. As bebidas alcoólicas são muito calóricas, levando os indivíduos à saciedade precoce, dispensando os alimentos sólidos, precipitando carências de proteínas, vitaminas e minerais. Por isso, costuma classificar-se o alcoolismo no capítulo das doenças tóxico-carenciais.”
Por todas as razões já conhecidas, e as que falta eventualmente conhecer, não é demais relembrar: experimentar e desbravar novos territórios, ser rebelde, fará sempre parte da adolescência, mas é preciso um esforço extra de consciencialização para prevenir eventuais danos, que podem ser irreversíveis. Daqui
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