terça-feira, 19 de março de 2013

Brasão do papa Francisco: símbolos e significados


O escudo azul é encimado por símbolos da dignidade pontifícia, idênticos aos escolhidos pelo predecessor, Bento XVI.
A mitra, possivelmente originária da Pérsia, foi adotada pelos romanos como sinal de honra e nobreza. Transmitiu-se ao uso eclesiástico, sendo inicialmente reservada ao papa. Entre os séculos X e XI alargou-se aos bispos e abades.

É pontiaguda, com as pontas para cima, de maior altura (cerca de 50 cm) e duas faixas ou tiras de tela que caem pelas costas.

É colocada nas celebrações litúrgicas e procissões. Nas missas deve ser deposta, por exemplo, aquando da leitura do Evangelho e em certas orações, como a Eucarística. Também não deve ser usada diante do Santíssimo Sacramento exposto.

A mitra está colocada entre chaves de ouro e prata decussadas (dispostas em forma de "x") e ligadas por um cordão vermelho.

As chaves referem-se ao poder do apóstolo Pedro, a partir do seguinte trecho bíblico: «[Disse Jesus]: "Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu"» (evangelho segundo São Mateus 16, 18-19).

Os papas são também chamados sucessores de Pedro.

No alto do escudo encontra-se o emblema da Companhia de Jesus, ordem a que pertence o papa Francisco. Os Jesuítas, fundados pelo santo espanhol Inácio de Loiola, receberam aprovação pontifícia em 1540.
Sobre um sol irradiante e flamejante estão escritas, a vermelho, as letras IHS; trata-se do monograma (entrelaçamento de letras iniciais) de Jesus em carateres gregos (iota, eta, sigma, Iesous). 

As letras aplicaram-se mais tarde às iniciais, em latim, de In Hoc Signo (por este sinal); de acordo com uma narrativa o imperador romano Constantino, no início do séc. IV, teve uma visão na qual lhe era dito que haveria de vencer o opositor pelo sinal (monograma) resultante das letras gregas chi-rho, iniciais de Cristo.

A expressão Iesus Hominem Salvator, em latim, quer dizer Jesus Salvador dos Homens.

Sobre a letra H está uma cruz e em baixo há três pregos, alusões à crucificação de Jesus.
Na parte inferior do escudo reside uma estrela, que, de acordo com antiga tradição heráldica, simboliza a Virgem Maria, mãe de Cristo e da Igreja.
Ao lado a flor de nardo, muito aromática, aponta para São José, patrono da Igreja que é liturgicamente evocado a 19 de março, dia em que se celebra a missa de início de pontificado de Francisco.

Na tradição iconográfica hispânica o pai adotivo de Jesus é representado com um ramo de nardo na mão.

Os evangelhos contam que uma mulher ungiu os pés de Jesus com perfume de nardo, «de alto preço», o que suscitou a incompreensão de alguns presentes, para quem seria mais útil vender o bálsamo e dar o dinheiro aos pobres. «Os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim não me tendes sempre», respondeu Jesus.

A divisa do papa, "Miserando atque eligendo" (olhou-o com misericórdia e escolheu-o), é extraída de uma homilia de São Beda Venerável, que comentava o episódio bíblico da vocação de São Mateus.
A homilia, reproduzida na Liturgia das Horas da festa de São Mateus, tem um significado especial para Francisco. Em 1953, no dia litúrgico do evangelista, o jovem Jorge Mario Bergoglio experimentou, aos 17 anos, a presença de Deus na sua vida e o chamamento à vida religiosa.
Uma vez nomeado bispo decidiu escolher como programa de vida a expressão "Miserando atque eligendo", que mantém agora, a par dos elementos que já constituíam o brasão episcopal.
in http://www.snpcultura.org/

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