terça-feira, 1 de maio de 2012

1º de Maio de 1974

O dia em que verdadeiramente caiu o fascismo em Portugal

O povo saiu à rua para ver e ouvir Álvaro Cunhal e Mário Soares juntos, unidos por um dia.

A Revolução de Abril conquistava em Maio, em Lisboa e no resto do País, "conteúdo social e de esquerda".
Será possível hoje, em tempo de crise, recuperar essa unidade esquecida?
O escritor Urbano Tavares Rodrigues, subitamente, viu-se beijado por mulheres que nunca antes tinha visto. "Elas conheciam-me, saíam do meio da multidão e vinham beijar-me: sentiam que deixavam de ser escravas." Além dos afectos imprevistos, no "inesquecível" primeiro dia de Maio de 1974, trocaram-se flores, sorrisos, a urgência da revolta. A esquerda irrompe unida, breve namoro.
Naquele dia, "em que Lisboa enrouqueceu de alegria", titulava o JN, o autor de Bastardos do Sol caminhava ao lado de Álvaro Cunhal e Mário Soares, acabados de regressar do exílio. "Pensei que ali se abria o caminho para uma democracia avançada", conta. "Pensei que era possível, sou muito ingénuo", ironiza o escritor.
A unidade da esquerda depressa se esfumava - as vias para a consolidação da democracia divergem.
Fugaz a confluência à esquerda, mas o Primeiro de Maio de 1974, feriado nacional obrigatório por decreto da Junta de Salvação Nacional, é momento decisivo na Revolução. Mário Soares pressentiu isso, no momento, e disse-o, quando usou da palavra, aos milhares de manifestantes: "No dia 25 de Abril derrubou-se, pela intervenção das Forças Armadas, o regime, o governo fascista, mas foi aqui que nós verdadeiramente destruímos o fascismo!"


O líder do PS, refere José Medeiros Ferreira, chamava assim os partidos para "uma aliança interpartidária, civilista, como motor da Revolução". O PCP, segundo o historiador, "prefere, além da aliança interpartidária, uma aliança com Movimento das Forças Armadas".
Caminhos diferentes, e, desse modo, iriam continuar. Todavia, esse facto não retira força ao "inesquecível" Dia do Trabalhador, comemorado com imensa participação em todo o País. O povo saiu à rua e, na análise de José Medeiros Ferreira,"dá um conteúdo social e de esquerda à Revolução, que não teve no início, nos cinco dias seguintes após a derrota da Ditadura" salazarista. Ou seja: "O modelo social português, saído do 25 de Abril, nasce no Primeiro de Maio de 1974."

A História nunca se repete. Mas, por vezes, certos reencontros parecem inevitáveis. Será possível unidade à esquerda como em Maio de 1974? "Não é difícil conceber um novo arranjo político em Portugal", diz Medeiros Ferreira. "Tudo depende dos resultados eleitorais: está tudo em aberto depois das eleições de Outubro."
Urbano Tavares Rodrigues também não põe de parte tal possibilidade. "Aqui, em Portugal, existe essa hipótese." Historiador e romancista convergem ainda noutro ponto: a haver acordo, terá o PS e uma força inexistente há 35 anos, o Bloco de Esquerda, como parceiros. "O PCP ficará de fora", diz Urbano.

DN, 1 /05/2009, por FRANCISCO MANGAS

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