"Cada qual com a sua voz, mas todos irmãos"
Nos pontos 2 a 8 da sua mais recente Encíclica, o Papa Francisco, partindo naturalmente das suas convicções cristãs, expressa a intenção de assumir este texto como uma "humilde contribuição" para a reflexão em torno das problemáticas diversas que (pre)ocupam as sociedades do século XXI.
Nesta obra, "Fratelli Tutti", Francisco recorda o encontro histórico entre S. Francisco de Assis (1181-1226) e o sultão Malik-al-Kamil (1177-1238) num contexto absolutamente atípico para o diálogo entre cristãos e muçulmanos. A época era mais propensa à guerra e à ignorância do que à sapientíssima cultura do encontro.
Numa época de cicatrizes profundas e feridas abertas, motivadas pelo ódio da intolerância e pela sede de poder, o "santo de Assis" tornou-se um arauto de paz e fraternidade, a partir da sua convicção profunda de que todos os seres humanos são fruto do ato criador e criativo de um Deus que é Amor, de que estes são merecedores dos mesmos direitos e deveres e, por isso, igualmente chamados à convivência fraterna.
Na senda desse sinal de surpreendente fidelidade de S. Francisco aos valores evangélicos, o Papa evoca o seu próprio encontro com o imã Ahmad Al-Tayyeb em 2017.
Com o surgimento da pandemia da COVID-19 ficou provada a falência das muitas seguranças que até então vigoravam: apesar da superconexão digital, o mundo foi e está a ser incapaz de agir em conjunto.
Não se trata, portanto, de fazer funcionar melhor o que já se fazia mas, segundo o autor, fazer renascer um anseio mundial de fraternidade.
"Como é importante sonhar juntos", declara Francisco para caracterizar a urgência de nos assumirmos "filhos" desta mesma terra. Irmãos que caminham juntos, "cada qual com a sua voz mas todos irmãos".
Mário Rocha . in Docentes de EMRC, Facebook
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