Vi o teu rosto...
Vi o teu rosto, e estremeci...
Vi o teu rosto na Estrela de David, que te pesava no
ombro,
e na curva do teu corpo,
que suportava todas as humilhações.
Vi o teu rosto na noite... na Noite de Cristal...
e em todas as noites que se seguiram.
O teu rosto iluminado pela dúvida e pelo medo.
Nas interrogações de tantos rostos, cansados,
fechados dentro de carruagens,
embalados pelo movimento dos comboios.
Comboios, comboios e mais comboios...
Rostos, rostos e mais rostos...
Vi teu rosto presente no Gueto de Varsóvia,
em Dachau, Treblinka, Belzec, Chelmno,
Bergen-Belsen...
Na tua inquietação ao chegares a Auchwitz.
“Arbeit
macht frei”
Na multidão de olhares vazios, perdidos, separados,
no inferno das câmaras de gás,
no abismo das valas comuns,
no fumo a sair das chaminés dos crematórios...
Rostos, rostos e mais rostos...
Vi o teu rosto no dia da libertação,
(eu que durante muito tempo tive medo de dizer a
palavra liberdade).
Vi o teu rosto nos abraços, nos sorrisos, nas
lágrimas...
Nas memórias presas ao arame farpado.
No teu regresso a casa e na procura do teu futuro...
“Oh Jerusalém!”
Vi o teu rosto no Camboja, no Kosovo, no
Ruanda...
e em tantos outros rostos naufragados.
Vejo o teu rosto, e estremeço...
Poema "Vi o teu rosto” (3ª Menção Honrosa
no Concurso Contar o Holocausto, ano letivo 2016-2017)
Escola Secundária Oliveira do Bairro
Alexandre Melo Mota
Diogo Martins Ribeiro
Mário João Pereira Lopes
Prof. António Travassos
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