quarta-feira, 26 de outubro de 2016
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
O bebé que nasceu duas vezes
Às 16 semanas de gravidez foi diagnosticado um tumor a um bebé. Teve de ser retirado do ventre da mãe para ser operado. Voltou lá para dentro e nasceu outra vez em Junho passado.
Quando foi operada, Lynlee pesava 530 gramas e o tumor era quase do seu tamanho PAUL V. KUNTZ/TEXAS CHILDREN'S HOSPITAL
Margaret
Hawkins Boemer, do Texas, nos Estados Unidos, dirigiu-se a uma consulta de
rotina à 16.ª semana de gravidez. No entanto, ficou a saber que o bebé que
trazia no útero tinha um tumor na coluna, mais concretamente no cóccix.
Este
tumor, denominado teratoma sacrococcígeo, afecta principalmente fetos ou
recém-nascidos, atingindo a zona da coluna e podendo provocar paragens
cardíacas. A probabilidade é maior nas raparigas do que nos rapazes e, apesar
de ainda ser considerado raro, o tumor incide, em média, em uma em cada 35 mil
gravidezes.
Ora,
a menina do Texas teve então de nascer duas vezes para sobreviver à doença.
Isto porque, depois de realizado o diagnóstico, a equipa médica avançou para
uma operação. Por isso, foi necessário retirar o bebé do útero da mãe para se
proceder à cirurgia, que durou 20 minutos.
Como
se não bastasse, este não foi o primeiro percalço na gravidez de Margaret
Boemer. Num primeiro momento esperava gémeos, tendo perdido um deles antes do
segundo trimestre de gravidez. Foi, inclusivamente, aconselhada a terminar a
gravidez por completo quando se conheceu o plano de cirurgia da equipa médica.
Apesar
disso, a cirurgia foi realizada. A menina, chamada Lynlee, pesava 530 gramas na
altura da operação, e o tumor era quase do mesmo tamanho do que o próprio feto.
Foram dadas 50% de hipóteses de sobrevivência.
À CNN Margaret Boemer
contou: “Às 23 semanas, o tumor estava a provocar falhas no coração dela [de
Lynlee] e a causar-lhe paragens cardíacas, por isso era uma escolha entre
deixar o tumor apoderar-se do corpo dela ou oferecer-lhe uma hipótese na vida.”
Assim, a mãe não teve dúvidas: “Foi uma decisão fácil para nós: queríamos
dar-lhe uma vida.”
Carrel
Cass, do Centro Fetal do Hospital Pediátrico do Texas, e que fez parte da
equipa médica que realizou a operação, explica a sua complexidade, revelando
que o tumor era tão grande que foi necessária uma incisão “enorme”,
obrigando o bebé a ficar “pendurado no ar”.
O
coração de Lynlee esteve praticamente parado durante a intervenção, sendo por
isso necessário um especialista cardíaco para a manter viva durante esse tempo.
Depois de terminada a operação, o bebé voltou para o útero da mãe.
E
em Junho Lynlee voltou ao mundo, mas agora para ficar cá. Até a esse dia
Margaret Boemer não saiu da cama. A criança ainda é muito nova “mas está
muito bem”, informa Carrel Cass. Daqui
PÚBLICO
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
Objetivo 1: Erradicar a pobreza
- Até 2030, erradicar a pobreza extrema em todos os lugares, atualmente medida como pessoas que vivem com menos de 1,25 dólares por dia
- Até 2030, reduzir pelo menos para metade a proporção de homens, mulheres e crianças, de todas as idades, que vivem na pobreza, em todas as suas dimensões, de acordo com as definições nacionais
- Implementar, a nível nacional, medidas e sistemas de proteção social adequados, para todos, incluindo escalões, e até 2030 atingir uma cobertura substancial dos mais pobres e vulneráveis
- Até 2030, garantir que todos os homens e mulheres, particularmente os mais pobres e vulneráveis, tenham direitos iguais no acesso aos recursos económicos, bem como no acesso aos serviços básicos, à propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, herança, recursos naturais, novas tecnologias e serviços financeiros, incluindo microfinanciamento
- Até 2030, aumentar a resiliência dos mais pobres e em situação de maior vulnerabilidade, e reduzir a exposição e a vulnerabilidade destes aos fenómenos extremos relacionados com o clima e outros choques e desastres económicos, sociais e ambientais
- Garantir uma mobilização significativa de recursos a partir de uma variedade de fontes, inclusivé por meio do reforço da cooperação para o desenvolvimento, para proporcionar meios adequados e previsíveis para que os países em desenvolvimento ( em particular, os países menos desenvolvidos) possam implementar programas e políticas para acabar com a pobreza em todas as suas dimensões
- Criar enquadramentos políticos sólidos ao nível nacional, regional e internacional, com base em estratégias de desenvolvimento a favor dos mais pobres e que sejam sensíveis às questão da igualdade do género, para apoiar investimentos acelerados nas ações de erradicação da pobreza Daqui
domingo, 16 de outubro de 2016
Dia da Alimentação
A 16 de outubro celebra-se o Dia Mundial da Alimentação! A VISÃO Júnior explica como deve ser uma dieta saudável e equilibrada para a tua idade!
Foi no dia 16 de outubro de 1945 que a Organização das Nações Unidas (aquela organização que reúne todos os países do mundo, para promover a cooperação entre os povos) fundou um grupo especial dedicado à Alimentação e à Agricultura.
Por esse motivo, é essa a data escolhida, desde 1979, para celebrar o Dia Mundial da Alimentação. O objetivo é alertar para a fome e desnutrição que ainda existem em muitas partes do mundo e, em especial, ajudar os países em desenvolvimento (aqueles que são mais pobres) a obter os recursos económicos e técnicos (ou seja, o dinheiro e as máquinas) necessários para conseguirem produzir a sua comida.
Estima-se que, até ao ano de 2050 a produção de alimentos tenha de aumentar 60% para conseguir acompanhar o crescimento da população mundial. E, no entanto, todos os dias deitamos fora imensa comida que poderia ser aproveitada. Sabias que um terço da comida produzida no mundo é desperdiçada?
Cabe às fábricas e empresas escoar os alimentos que não vendem, dando-os a quem precisa deles (e até já existem associações que ajudam a fazer este trabalho) e também a todos nós, em casa, a comprar e cozinhar apenas aquilo de que precisamos e a reaproveitar os restos para novas refeições - aquele frango assado que não acabaste ontem ao jantar, ficava delicioso desfiado num prato de massa com legumes hoje ao almoço, não achas?
APRENDER A COMER BEM!
E porque além de ajudar o mundo, também é importante ajudares-te a ti mesmo, tu próprio podes fazer opções saudáveis e sustentáveis no momento de decidir o que vais comer, todos os dias!
A dieta mediterrânica (que é o regime alimentar tradicional dos países da zona do Mediterrâneo, como Portugal) é considerada uma das mais saudáveis do mundo. E até ajuda a combater o risco de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de cancro!
Por isso, é a base perfeita para te guiares na tua alimentação diária: muitos alimentos de origem vegetal, muito peixe, pouca carne vermelha (que é a carne de animais como a vaca ou o porco; é preferível comer carnes brancas, a carne de aves como o frango ou o perú), alguns laticínios (o leite e os alimentos que dele derivam, como o queijo ou os iogurtes) e a utilização do azeite como principal fonte de gordura.
De certeza que já conheces a roda dos alimentos, onde isto está tudo explicadinho, mas então e no dia a dia? Quando tens de preparar o teu lanche, sabes aplicar o que a roda indica?
APRENDER A COMER BEM!
E porque além de ajudar o mundo, também é importante ajudares-te a ti mesmo, tu próprio podes fazer opções saudáveis e sustentáveis no momento de decidir o que vais comer, todos os dias!
A dieta mediterrânica (que é o regime alimentar tradicional dos países da zona do Mediterrâneo, como Portugal) é considerada uma das mais saudáveis do mundo. E até ajuda a combater o risco de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de cancro!
Por isso, é a base perfeita para te guiares na tua alimentação diária: muitos alimentos de origem vegetal, muito peixe, pouca carne vermelha (que é a carne de animais como a vaca ou o porco; é preferível comer carnes brancas, a carne de aves como o frango ou o perú), alguns laticínios (o leite e os alimentos que dele derivam, como o queijo ou os iogurtes) e a utilização do azeite como principal fonte de gordura.
De certeza que já conheces a roda dos alimentos, onde isto está tudo explicadinho, mas então e no dia a dia? Quando tens de preparar o teu lanche, sabes aplicar o que a roda indica?
PORÇÕES DE CADA ELEMENTO DA RODA DOS ALIMENTOS INDICADAS PARA A CADA IDADE
Dos 6 aos 12 anos:
Hidratos de Carbono (cereais e derivados e tubérculos): 5 porções por dia
Hidratos de Carbono (cereais e derivados e tubérculos): 5 porções por dia
Hortícolas: 3 porções por dia
Fruta: 3 porções por dia
Laticínios: 3 porções por dia
Proteínas (carne,peixe e ovos): 2 porções por dia
Leguminosas: 1 porção por dia
Óleos e gorduras: 1 porção por dia
Dos 13 aos 16 anos:
Hidratos de Carbono (cereais e derivados e tubérculos) - 6 porções por dia
Hortícolas (legumes): 5 porções por dia
Fruta: 4 porções por dia
Laticínios (leite, iogurtes e queijo): 3 porções por dia
Proteínas (carne, peixe, e ovos): 2 porções por dia
Leguminosas (feijão, grão-de-bico): 1 porção por dia
Óleos e gorduras: 1 porção por dia
COMO SE MEDE UMA PORÇÃO?
Uma porção pode ser diferente, conforme o tipo de alimento de que estamos a falar.
Se forem os hidratos de carbono, pode ser o equivalente a uma fatia de pão, a uma batata inteira, cinco colheres de cereais ao pequeno almoço, quatro colheres de arroz ou massa e seis bolachas maria.
Se estivermos a falar de produtos hortícolas, geralmente equivale a uma chavéna cheia deles e, se for de fruta, a uma peça de fruta.
No que toca aos laticínios, uma porção pode ser uma caneca de leite, um iogurte ou duas fatias de queijo, e, quanto às proteínas, equivale a um ovo ou a cerca de 25 gramas de carne ou peixe.
Já nas leguminosas, equivale a cerca de três colheres cheias delas e, por fim, nas gorduras, basta uma colher de azeite ou uma colher pequenina (daquelas que usas para a sobremesa) de manteiga ou margarina.
Mas atenção: as necessidades nutricionais não variam só com a idade - o sexo e o nível de atividade física também são fatores determinantes (geralmente, os rapazes e quem pratica mais exercício precisam de ingerir uma maior carga calórica)!
Site Nutri Ventures, no dia da alimentação
Neste WEBSITE, descobrir e conquistar os 7 Reinos da Nutrição é o principal objetivo dos heróis e a grande missão de todos.
Neste mundo mágico, encontras jogos e desafios diários que avaliam o teu conhecimento sobre os alimentos e sobre a série, mostrando os diferentes Reinos à medida que vais progredindo. Assim, ao mesmo tempo em que jogas e exploras este mundo, há o estímulo para a aquisição de conhecimento sobre a Nutrição e a associação de bons sentimentos a alimentos saudáveis.
A Roda dos 7 Reinos Nutri Ventures vai levar os heróis a passar por cada um dos Reinos, descobrir uma enorme variedade de alimentos e se surpreender com os seus sabores, cores e texturas. Mas, o que é mais importante: vão descobrir os Nutri Powers dos alimentos!
Existem ainda “Reinos Maus”, como o do Açúcar, o dos Fritos, o das Gorduras e o Deserto do Sal. Estes Reinos surgem na história com o propósito de fazer com que as crianças conheçam os malefícios do consumo excessivo de determinados alimentos.
Em cada um dos Reinos, descobre novas linguagens que vão ser grandes ajudas para melhorar a tua alimentação.
A Roda dos 7 Reinos Nutri Ventures vai levar os heróis a passar por cada um dos Reinos, descobrir uma enorme variedade de alimentos e se surpreender com os seus sabores, cores e texturas. Mas, o que é mais importante: vão descobrir os Nutri Powers dos alimentos!
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Em cada um dos Reinos, descobre novas linguagens que vão ser grandes ajudas para melhorar a tua alimentação.
quarta-feira, 12 de outubro de 2016
‘Os Simpsons’ voltaram a antecipar o futuro. Em 2010, acertaram nos Nobel da Economia e da Química de 2016
Ups, they did it again! ‘Os Simpsons’ voltaram a adivinhar em futuro. Em 2010 eles já sabiam quem seria o Nobel da Química e da Economia deste ano.
A série criada por Matt Groening é polémica por vários motivos, sendo que um deles é esta sua tendência para conseguir antever situações que se verificam apenas anos mais tarde. Foram já vários os exemplos deste feito: a antevisão da candidatura à presidência de Donald Trump; a menção da data do 11 de Setembro; o surgimento do vírus da Ébola e a polémica dos ‘Panamá Papers’.
Desta vez, num episódio passado há já seis anos, em 2010, as personagens Lisa, Milhouse, Martin e ‘Data’ adiantaram os nomes de Bengt Holmström e Bernhard Fering, agora premiados com os prémios Nobel da Economia e Qímica. No episódio, as personagens encontravam-se a fazer apostas e acabaram mesmo por mencionar dois dos prémios Nobel de 2016.
O Instituto Tecnológico de Masachusetts (MIT) celebrou não só a atribuição do prémio Nobel da Economia a um dos seus professores, como também referiu o curioso facto de Milhouse já ter apostado que o professor Holmström iria, efetivamente, ganhar um Nobel.
Mas as previsões não ficam por aqui: o melhor amigo de Bart, no mesmo boletim de apostas, acertou noutro nome que foi premiado em 2014, o químico William E. Moerner. Nesse mesmo boletim, surgem ainda nomes como o da Íngrid Betencourt, que foi várias vezes proposta para Prémio Nobel da Paz, Hu Jia ou até Piedade Córdoba. Daqui
Prémios Nobel 2016
O Prémio Nobel da Medicina de
2016 foi atribuído ao investigador Yoshinori Ohsumi, do Instituto de Tecnologia
de Tóquio (Japão), pelas “descobertas sobre os mecanismos da autofagia”.
"Foi uma surpresa", reagiu o cientista japonês
numa primeira entrevista ao responsável científico no departamento de
comunicação do comité do Nobel, adiantando: "Hoje ainda temos mais
questões sobre a autofagia para esclarecer do que quando comecei."
A autofagia (ou autofagocitose)
é um processo celular que dá origem à degradação de componentes da própria
célula. É um processo estreitamente regulado que desempenha uma função
normal no crescimento celular, diferenciação e na homeostase, e é um
dos principais mecanismos por meio dos quais uma célula em estado de
desnutrição redistribui os nutrientes.
“O laureado com o prémio Nobel
deste ano descobriu e esclareceu mecanismos da autofagia, um processo
fundamental para a degradação e reciclagem dos componentes das células”, refere
o comunicado do comité. Daqui
Os investigadores descobriram as novas fases de transição da matéria.
"Os laureados deste ano abriram a porta para um mundo desconhecido onde a matéria pode assumir estados estranhos. Usaram métodos matemáticos avançados para estudar fases, ou estados, pouco habituais da matéria, como os supercondutores, superfluidos ou películas magnéticas finas". Daqui
O prémio Nobel da Química 2016 foi hoje
atribuído a Jean-Pierre Sauvage, J. Fraser Stoddart e Bernard L. Feringa pela
"conceção de equipamentos de síntese molecular".
Os três galardoados
pela Real Academia Sueca das Ciências desenvolveram "as máquinas mais
pequenas do mundo", considerando que, ao miniaturizarem a tecnologia,
elevaram a Química "a uma nova dimensão". Daqui
O Comité norueguês decidiu premiar
o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, com o Nobel da Paz 2016 pelos seus
"esforços para pôr fim aos mais de 50 anos de guerra civil no país".
Em Oslo, Kaci Kullmann Five, a
presidente do Comité Nobel sublinhou que o resultado do referendo torna ainda
mais importante que Santos e as FARC respeitem o cessar-fogo. E garantiu que
"o facto de a maioria do povo ter dito não ao acordo não significa que o
processo de paz esteja morto". Daqui
O Prémio Nobel da Economia de 2016 foi esta segunda-feira atribuído aOliver Hart e Bengt Holmström, dois professores de universidades norte-americanas que estudam a teoria dos contratos, isto é, o estudo sobre como os contratos de trabalho e outros são construídos para servirem de base para as relações económicas.
Oliver Hart, nascido no Reino Unido, é professor de Harvard. Já Holmström, finlandês, é do MIT (Massachusetts Institute of Technology).
A Academia Real Sueca quis premiar a investigação sobre os contratos, um agente crucial para a organização económica das sociedades modernas. “As novas ferramentas teóricas criadas por Hart e Holmström são valiosas para compreender os contratos e as instituições na vida real, bem como potenciais fracassos na conceção de contratos”, pode ler-se no comunicado de imprensa que anuncia a decisão. Daqui
Mais informações: Aqui
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
António Guterres escolhido para secretário-geral da ONU
O antigo primeiro-ministro português António Guterres foi indicado, esta quarta-feira, como secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo Conselho de Segurança à Assembleia-geral, que deverá aprovar o seu nome dentro de alguns dias.
O Conselho de Segurança anunciou que o português é o“vencedor claro” da votação, recebendo 13 votos de encorajamento (em 15 votos), sem qualquer veto.
Este órgão, com poder de veto, deverá aprovar na quinta-feira uma resolução a indicar o nome de António Guterres para a Assembleia-Geral das Nações Unidas, formalizando assim a eleição do sucessor de Ban Ki-moon.
Guterres vai liderar, a partir de janeiro, uma casa que conhece bem, depois de ter chefiado o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), entre junho de 2005 e dezembro de 2015, uma organização com cerca de 10.000 funcionários em 125 países.
Guterres, "o melhor de todos nós"
De acordo com a sua biografia oficial, promoveu “uma profunda reforma estrutural” no ACNUR, reduzindo o número de funcionários em 20 por cento na sede, em Genebra, enquanto triplicou o volume de atividades do organismo, num mandato marcado por algumas das maiores crises de refugiados e deslocados das últimas décadas, nomeadamente devido aos conflitos na Síria, Iraque, Sudão do Sul, República Centro-Africana e Iémen. Ler mais aqui
A mulher invulgar que deu o rosto à República
Em 1910, uma jovem de 16 anos serviu de modelo para o Rosto da República ao escultor Simões de Almeida, sempre sob o olhar atento da mãe. Chamava-se Hilda Puga e a sua vida foi plena de aventuras.
O Expresso contou a história de uma mulher invulgar, que sobreviveu a dois cancros, esteve casada dois meses, foi rica mas teve tornar-se costureira para sobreviver e morreu no dia em que celebrou 101 anos.
Até 1970, Hilda Puga andava nos bolsos de todos os portugueses. Era dela o rosto das moedas de 5 escudos e de 50 centavos, fruto do serviço patriótico que prestou muitos anos antes, quando a República foi instaurada, em 1910. Ela, que "até era profundamente monárquica, muito católica e reacionária", recorda o neto, Nuno Maia, 50 anos, "aceitou o pedido do escultor Simões de Almeida por amor ao país." Hilda tinha 16 anos, e trabalhava numa camisaria na R. Augusta, na Baixa de Lisboa. Estava a fazer uma entrega quando se cruzou com o escultor, que lhe achou graça e a convidou para ser sua modelo.
Como Hilda era menor de idade, Simões de Almeida teve de pedir autorização à mãe dela, que lhe impôs duas condições: a primeira, ela própria teria de estar presente nas sessões - que duraram duas horas, durante um mês; e a segunda era que a filha teria de posar vestida. Foi esta, aliás, a razão que levou Hilda Puga a só falar abertamente deste episódio depois dos 90 anos... É que o busto de Simões de Almeida mostra uma mulher de amplo decote, e Hilda jura "que só tinha desabotoado um botão da camisa..."
Este poderia ser um episódio de relevo na vida de muita gente, mas para Hilda foi apenas um numa vida cheia de aventuras e reviravoltas. Nas primeiras está, por exemplo, uma viagem de barco de meses até ao Amazonas. Nas reviravoltas da vida estão a perda do pai e a passagem de menina rica a costureira.
DE LISBOA PARA BELÉM DO PARÁ
O pai de Hilda, Tomás Garcia Puga, era um homem abastado, proprietário da fábrica de tijolos da praça de Touros do Campo Pequeno (Lisboa). Apaixonou-se pela empregada, com quem viveu a vida toda e de quem viria a ter cinco filhos – mas o ato de amor custou-lhe o corte de relações com a família de origem, que nunca aceitou uma união tida como "inferior". Um revés nos negócios obrigou Tomás Puga a vender a fábrica. Atraído pelo Eldorado da borracha no Novo Mundo, em finais do século XIX, ruma a Iquitos, na Amazónia peruana, onde ergue um armazém geral. A vida corre bem, tanto que, passados poucos anos, Tomás chama a família toda. Numa longa viagem de mais de três meses, de "vapor, barco e piroga", Hilda, a mãe e os quatro irmãos rumam de Lisboa até Belém do Pará.
Passaram-se três anos felizes na Amazónia, até que Tomás Puga adoece com beriberi, uma doença tropical. O médico dita a sentença: Tomás tem de regressar a um clima temperado, sob pena de morrer. A família Puga embarca de novo, de regresso a Lisboa – mas o chefe de família não aguenta a viagem e morre a bordo, ao largo de Cabo Verde. O funeral é feito no mar. À chegada à Lisboa, sem o sustento da família, esperava-os a miséria.
Foi a educação dos anos de desafogo financeiro, que proporcionou aulas de piano, costura e bordado, que permitiu à mãe e às irmãs Puga sobreviverem. Hilda dedicou-se à costura – nunca deixou de costurar, a vida toda. "Fê-lo diariamente até aos 96 anos", conta o neto - "lençóis, toalhas, fardas de empregada, crochet", e ocupava-se muito em leituras. Mas a vida ainda lhe reservaria outros desafios.
Ainda antes dos 30 anos, Hilda teve um primeiro cancro de mama, que o pai do médico Gentil Martins retirou. Na mesma altura, casou-se, com um jornalista – foi a última das irmãs a fazê-lo. Mas também aqui não teve sorte, permanecendo casada escassos dois meses. Arremessou um candeeiro à cabeça do marido, e, apesar de muito católica, pediu o divórcio em 1932 (ainda antes da Concordata ser assinada em Portugal), somando para si mais um estigma social: o de mulher divorciada.
Não tornou a casar-se, e nunca teve filhos – mas criou como tal uma sobrinha, Emília, que lhe chamaria sempre "mamã". Aos 60 anos, Hilda teve um cancro na outra mama, e mais tarde, retirou outro tumor, na barriga. Cegou ainda de um olho, o esquerdo. A tudo isto sobreviveu. Com a costura, sustentava a mãe e filha "adotiva". Até que esta se casou, em 1957. Após 3 anos de vida em comum com Emília e o marido, optou por ir para um lar, aos 77 anos. Estava muito habituada ao seu espaço, e custava-lhe ter de prescindir da sua liberdade.
Onze anos mais tarde, sofreu o maior de todos os golpes: Emília morria, de cancro de mama. Hilda remeteu-se à clausura total, no lar, não saindo de lá durante uma década. Foi preciso nascer o primeiro sobrinho neto para tornar a passar o Natal em família. Em 1991, parte uma perna e cai à cama. Nessa altura, o seu maior problema era "não poder costurar". Dois anos depois, falece, aos 101 anos. Morria o rosto da República, cuja implantação se assinala esta quarta-feira. Daqui