terça-feira, 5 de maio de 2015

O que a Expo de Milão deveria dizer sobre a alimentação

Os patrões da nossa alimentação” é um dossier realizado pelo Centro Novo Modelo de Desenvolvimento (Centro Nuovo Modello di Sviluppo) com a colaboração de Andrea Rosellini e Margherita Brunori. São 22 infográficos para reconstruir a viagem da nossa alimentação desde a química ao nosso prato; 22 infográficos para conhecer as maiores multinacionais que gerem a nossa alimentação, mirando apenas ao próprio lucro. As mesmas multinacionais que se apresentam, hoje, à Expo 2015 como as salvadoras da humanidade, enquanto, na verdade, a sua única preocupação é defenderem os seus interesses económicos.


“De imediato, os fertilizantes garantem um alto rendimento de produção, mas, a longo prazo, o excesso de substancias químicas deteriora os solos até torná-los improdutivos. A nível mundial, perdem-se, cada ano, 75 mil milhões de toneladas de solo fértil. Sem mencionar a contaminação dos rios e dos mares.” Dr. David Pimentel.


A Expo Mundial 2015 realiza-se desta vez na cidade italiana de Milão, de 1 de Maio a 31 de Outubro de 2015. A Expo 2015 tem por tema “Nutrir o planeta, energia para a vida”. Nas palavras dos organizadores, “será o maior evento jamais organizado sobre a alimentação e a nutrição”. Um evento internacional que, dizem, “se vai tornar numa vitrine mundial na qual os Países – são mais de 140 países envolvidos e mais de 20 milhões de visitantes esperados – irão mostrar o melhor das suas tecnologias para dar uma resposta concreta a uma necessidade vital: garantir uma alimentação saudável, segura e suficiente para todos os povos, respeitando o Planeta e o equilíbrio dos seus ecossistemas”.
Mas isso será mesmo verdade? Será que a Expo de Milão está interessada numa confrontação de ideias sobre o tema da alimentação e em promover inovações em vista de um futuro alimentar sustentável?
Antes de responder a estas perguntas, os leitores estão convidados a ler o anexo “Os patrões da nossa alimentação” do grupo de Francuccio Gesualdi. Nele se encontram palavras, dados, números e ideias que, sem dúvida, a Expo de Milão não irá explicar ou, ainda pior, irá esconder.
No dia 1 de Maio, o Papa Francisco, falando aos participantes na cerimónia de abertura da Exposição Universal de Milão 2015, através de uma vídeo-mensagem ao vivo, denunciou o “paradoxo da abundância” e a cultura do desperdício e do descarte, e apelou para uma mudança de mentalidade no sentido de se criar um modelo de desenvolvimento equilibrado e sustentável: “façamos – disse o Pontífice – que esta Exposição Universal seja uma ocasião propícia de mudança de mentalidade; que mude o modo de pensar que as nossas acções quotidianas – em seus diversos níveis de responsabilidade – não têm impacto sobre a vida das pessoas, próximas ou distantes, que têm fome e não se alimentam de modo digno para um ser humano. Estou a pensar em tantos homens e mulheres que sofrem de fome, e, em particular, na multidão de crianças que morrem de fome”.
Em nome dos pobres que “com dignidade, buscam ganhar o pão com o suor do seu rosto”, o Papa dirigiu-se aos empresários, comerciantes e pesquisadores do sector alimentar e pediu-lhes que se sintam comprometidos neste grande projecto de solidariedade: “Que o Senhor conceda a cada um deles a sabedoria e a coragem, porque é grande a sua responsabilidade! O meu desejo é que esta experiência permita aos empresários, comerciantes e estudiosos, sentir-se envolvidos em um ‘grande projecto de solidariedade’: o de nutrir o planeta, no respeito de cada homem e mulher que nele habita e no respeito do ambiente natural. Eis o grande desafio ao qual Deus chama a humanidade deste século XXI: parar, finalmente, de abusar do Jardim que Deus nos confiou, para que todos possam comer dos frutos deste jardim. Assumir tão grande projecto é dar plena dignidade ao trabalho de quem produz e de quem pesquisa no sector alimentar.”
“Na lógica capitalista – diz o estudo ‘Os patrões da nossa alimentação’ –, a terra é apenas um substrato para ser utilizado com a ajuda de ingredientes industriais com o objectivo de obter quantidades sempre maiores de produtos alimentares para vender. Por isso, a viagem na agricultura começa nas empresas de sementes, dos pesticidas e dos fertilizantes.”
Por exemplo, sobre os efeitos dos fertilizantes, o Dr. David Pimentel, perito na produção industrial de alimentos, afirma: “De imediato, os fertilizantes garantem um alto rendimento de produção, mas, a longo prazo, o excesso de substancias químicas deteriora os solos até torná-los improdutivos. A nível mundial, perdem-se, cada ano, 75 mil milhões de toneladas de solo fértil. Sem mencionar a contaminação dos rios e dos mares.”
Ainda de acordo com o mesmo estudo, as sementes e os pesticidas são dois sectores entrelaçados. Muitas das empresas de um estão também presentes no outro. Os dados conhecidos dizendo que “o mercado mundial dos pesticidas vale 41 mil milhões de dólares e que apenas seis multinacionais controlam sozinhas 76 por cento do mercado mundial”.
Para entender melhor estas questões e tantas outras – por exemplo, o comércio mundial de sementes, especialmente as sementes OGM (organismos geneticamente modificados); as terras, as sementes e os países mais transgénicos (OGM) no mundo; a agricultura e o comércio mundial; as indústrias alimentares e as multinacionais da alimentação e da nossa dieta quotidiana – convida-se a baixar e a ler o texto (em italiano) que publicamos em anexo: “Os patrões da nossa alimentação”.
Em nome dos pobres que “com dignidade, buscam ganhar o pão com o suor do seu rosto”, o Papa dirigiu-se aos empresários, comerciantes e pesquisadores do sector alimentar e pediu-lhes que se sintam comprometidos neste grande projecto de solidariedade: “Que o Senhor conceda a cada um deles a sabedoria e a coragem, porque é grande a sua responsabilidade! O meu desejo é que esta experiência permita aos empresários, comerciantes e estudiosos, sentir-se envolvidos em um ‘grande projecto de solidariedade’: o de nutrir o planeta, no respeito de cada homem e mulher que nele habita e no respeito do ambiente natural. Eis o grande desafio ao qual Deus chama a humanidade deste século XXI: parar, finalmente, de abusar do Jardim que Deus nos confiou, para que todos possam comer dos frutos deste jardim. Assumir tão grande projecto é dar plena dignidade ao trabalho de quem produz e de quem pesquisa no sector alimentar.”Papa Francesco.

(© brescia.corriere.it).

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